Seguidores desse blog

14.12.01

O penhor desta igualdade

Fui assistir no domingo, o espetáculo da Maria Teresa Amaral, na Casa de Cultura Margarida Rey. Estupefactei de cara, e estupecfata ainda estou, com este que é disparado, um dos melhores espetáculos do ano. Por que artes e magias aquele exíguo espaço comportou tal magnitude de espetáculo, é a primeira das muitas surprêsas de "O penhor desta igualdade", um musical antenado com as linguagens contemporâneas, misturando teatro, dança, circo, mágica, revista musical e cabaré no melhor estilo anos 20.

Maria Teresa Amaral, mostra todas as suas manhas e artes na direção segura e inteligente do espetáculo, obra de quem conhece o seu métier, no texto competente e nos figurinos (a danadinha ainda dá um show de criatividade nos figurinos), A ambientação cênica é do Marcelo Marques que num achado de melhor aproveitamento do espaço cênico, colocou uma rede no teto, em cima da platéia, e não é para efeito decorativo do cenário --os atores ralam lá em cima, em complicados equilibrios circenses, e o próprio que sobe e desce escadas, corre pelo palco, se equilibrando com a maior competencia, num salto agulha de quasi vinte centimetros de altura. (Edwin Luisi não faria melhor em "Tango,bolero e chachacha").

O elenco, Eduarda Fadini (cantora e atriz de presença marcante), Fabio Quinet, Letícia Medella (canta Joan Baez como se fosse a própria, e Bob Dilan como Joan Baez cantaria), Maíra Capovilla (uso corporal competente), Marcelo Marques,Márcia Cabral, Marco André Temponi, Pedro Henrique Nunes, Rogério Freitas, Sebastião Lemos(deita e rola --literalmente também--num espetáculo que tem a sua cara) e o mágico Renner Avillis-- cantam, dançam, cambalhotam e representam, dando o seu recado com garra, e entrega raras. Destaque para a Marcia Cabral, uma voz belíssima e uma expressão corporal perfeita (tem um movimento de braços ao cantar que eu nunca tinha visto nada igual ou parecido), e além disso tudo, uma ótima atriz. Gente, de que planeta veio a Márcia Cabral?.

O texto é um balanço do século XX, sob a ótica da autora que faz parte de uma geração que viveu intensamente um determinado momento historico/politico do País. A ação se passa dentro de um cabaré, onde desfilam a Berlim dos anos 20, o nazismo, a guerra civil espanhola, a revolução dos cravos, João Candido mestre sala dos mares, subcomandante Marcos, Guevara, entre outros. Em texto, musicas, slides ou citações breves, estão lá todos os ícones do século que passou, numa pesquisa que a Maria Teresa vem realizando há alguns anos, até chegar à montagem deste espetáculo.

O espetáculo fica em cartaz às sextas e sábados às 21 hs. e domingo às 20hs., até Janeiro na CASA DE CULTURA MARGARIDA REY -- Travessa Cristiano Lacorte, 54 (entrada pela Rua Milguel Lemos, 51), em Copacabana. Tel. 2522-1603

Nenhum comentário: