Seguidores desse blog

31.3.02

Vau da Sarapalha - dez anos em cena

O texto de Guimarães Rosa, adaptado e dirigido pelo Luiz Carlos Vasconcelos, que esteve em cartaz aqui no Rio, pelo Brasil todo, pela America Latina, Europa, completou dez anos em cartaz dia 27 deste mês, nas comemorações do Dia Mundial do Teatro, no palco do Teatro José de Alencar, em Fortaleza. Detalhe: o elenco é o mesmo da estréia da peça. Aqui para o jornal O Povo, uma entrevista com o elenco, falando da peça e dos desafios desse trabalho.

Eu tive o privilégio de assistir quando eles vieram se apresentar pela primeira vez aqui no Rio, no palco do Teatro Glaucio Gil. O impacto da montagem eu guardo na memoria até hoje. Fiquei fã incondicional do trabalho do Luiz Carlos. E o trabalho do ator que faz o cachorro virou referência para mim das possibilidades do uso corporal do ator. E o Palhaço Xuxu, eu adoro. Vou a qualquer lugar onde ele for se apresentar, e peço a benção.

E aqui uma entrevista rara com o Luiz Carlos, falando do Xuxu, de " Vau da Sarapalha" que vai voltar este ano a se apresentar em alguns países da Europa, e do filme Carandiru que ele está fazendo com o Babenco.

Você já foi lá no blog Artimanhas ? Não ? Então vá !

30.3.02

Cristina Pereira, estreia e Gil Vicente

Tenho uma grande admiraçao pela Cristina Pereira, desde a sua primeira apresentaçao no Rio, com um espetaculo vindo de Porto Alegre, com direçao do Paulinho Albuquerque, apresentando no Projeto Mambembao nos anos 80. Ela e um exemplo de coerencia e consistencia de uma atriz com a sua profissao. E aqui, ela fala do seu novo trabalho que estreiou na quinta - ensaios abertos de graça para o publico ate domingo. E a estreia oficial acontece na proxima quinta feira, dia 4 de abril.
Casa da Gavea - Pça. Santos Dumont, ll6 Tels.2239-3511 e 2512-4862

25.3.02

Celebração ao Mestre Dacio Lima

Na próxima segunda feira, dia 1o. de abril, no Teatro Glauce Rocha, vai acontecer uma festa com espetáculo, reunindo os melhores momentos da Companhia do Gesto, além de trazer atores de São Paulo, Brasilia e Vitoria, que participaram dos nucleos de criação e pesquisa, formados pelo Mestre Dacio Lima, além de uma exposição com fotos, videos, máscaras, cartazes, etc., mostrando a sua trajetoria.


Teatro Glauce Rocha, Av. Rio Branco, em frente ao Metrô da Carioca.
Abertura do foyer às 18 hs. e espetáculo começa às 20 hs.
Convites com a Companhia ou a partir das 18h, no Teatro Glauce Rocha.

A seguir a Carta Aberta divulgada pelo nucleo da Companhia do Gesto.

A Companhia do Gesto, a família e os amigos do Diretor Teatral e Educador
Dácio Lima comunicam o seu falecimento. Vítima da violência que assola e
oprime o país, o querido diretor foi assassinado no dia 01 de fevereiro, na
própria sede da Companhia em Botafogo, zona sul carioca. Fato ainda não
explicado pela polícia, que realiza investigação.

O Teatro brasileiro e mundial, já que seu trabalho ultrapassava as
fronteiras de nosso país, perdem um Grande Pesquisador e Inovador. Um homem
que dedicava integralmente sua atenção ao Teatro e que contribuiu de forma
significativa para o desenvolvimento da Cena Contemporânea em nosso país,
através de longa e séria pesquisa, na qual dava ênfase à universal linguagem
do silêncio.

Com uma trajetória iniciada em Brasília, nos anos 70, Dácio, desde essa
época esteve à frente de grupos e não de elencos. Acreditava ser essencial
reunir pessoas dispostas a trabalhos que não seguissem fórmulas conhecidas. Partiu para a Europa em busca de novas idéias e
fixou-se em Paris, onde fez formação em diferentes escolas.

Voltou ao Brasil no meio dos anos 80 e sediou-se no Rio de Janeiro onde
fundou a Companhia do Gesto, junto a outros atores que acreditavam em sua
proposta de investigação sobre a linguagem do Silêncio.

Com sua ousadia e determinação, trouxe aos palcos do Rio o primeiro
espetáculo brasileiro a utilizar integralmente a linguagem das Máscaras. Foi
pioneiro também ao levar o Palhaço para a sala de teatro, por meio de uma
construção com base técnica. Retratou sem palavras décadas de nossa
história, no memorável O Baile que esteve em cena por cerca
de seis anos, encantando platéias de todo o país.

Nos últimos anos vinha dedicando-se ainda mais a uma de suas grandes
virtudes, a educação. Dácio foi um grande Educador; utilizava-se do Teatro
para despertar consciência em seus alunos e atores. Consciência do corpo
integrado à mente e ao espírito. Consciência das básicas questões do
Ser; quem somos, de onde viemos e para onde iremos.

A forma brutal como Dácio foi tirado de nosso convívio intriga e entristece
ainda mais aqueles que, com ele, comungavam ricos momentos. Inspirado nesse carinho e em Homenagem à sua Pessoa e Dedicação ao Teatro, o núcleo da Companhia do Gesto e os atores que trabalharam conjuntamente, resolvem fazer uma celebração do aniversário que viria, data em que Dácio completaria 50 anos.

Um grande espetáculo composto de fragmentos das últimas montagens será
levado à cena . Reuniremos atores do Rio, Brasília, São Paulo e Vitória,
locais onde Dácio vinha desenvolvendo novos núcleos de criação e pesquisa.

O objetivo será reunir todos que trabalharam dentro e fora de cena, amigos,
espectadores que acompanhavam a trajetória da Companhia, profissionais da
imprensa e de orgãos governamentais de cultura, professores, enfim, todos
aqueles que gostavam e conheciam a Pessoa e o Trabalho de Dácio Lima. Reunir
todos para um Grande Aplauso.

O espetáculo acontecerá no dia 01 de abril, no teatro Glauce Rocha (Av. Rio
Branco - em frente ao metrô carioca) às 20h. A partir das 18h o foyer do
teatro estará aberto, com uma exposição de fotos, máscaras e vídeos, que
retratam toda a trajetória de Dácio Lima.
Atenciosamente,

Companhia do Gesto















22.3.02

Inscrições para o Porto Alegre em Cena

Estão abertas até o dia 29 as inscrições para o 9º Porto Alegre Em Cena, festival de teatro e dança realizado pela Prefeitura de Porto Alegre através da Secretaria Municipal de Cultura.

O projetos de espetáculos de teatro e dança podem ser inscritos até o dia 29 de março para serem apreciados pela comissão curadora do festival.

O requisito básico para os espetáculos integrarem a programação do Em Cena, é que os mesmos já tenham estreado. Os projetos enviados deverão apresentar ficha técnica, sinopse do espetáculo, histórico do grupo, fotos, vídeo em VHS e contatos (telefone, e-mail, site e endereço completo).

O festival acontece entre os dias 14 e 29 de setembro de 2002.

O material deverá ser enviado para a Coordenação Geral do Porto Alegre Em Cena
(Centro Cultural Usina do Gasômetro, av. Presidente João Goulart, 551/3º - Bairro Centro, CEP 90010-120, Porto Alegre).
Mais informações podem ser obtidas pelo tel. 0/xx/51/3212-5979, ramal 237 e 222, ou pelo e-mail poaemcena@smc.prefpoa.com.br

19.3.02

Atividades do LUME

Caros Amigos,

Apresentaremos nos dias 22, 23 e 24 de Março (sexta, sábado e domingo) o
espetáculo: DA TERRA, UMA MEMÓRIA, com a atriz convidada Yael Karavan(Israel).

O espetáculo será apresentado na sede do LUME, rua Carlos Diniz Leitão, 150,
Barão Geraldo, Campinas, próximo à moradia dos Estudantes da UNICAMP.
Confira os horários:
Dias 22 e 23 de Março (sexta e Sábado) às 21:00hs
Dia 24 de Março (domingo) às 20:00hs

Os ingressos serão vendidos a R$10,00 (inteira) e R$5,00 (estudantes) e
podem ser adquiridos com antecedência em nossa sede.
Maiores informações podem ser obtidas pelo telefone (19) 3289 9869 ou e-mail
lume@unicamp.br. Confira abaixo informações sobre a atriz convidada e também
sobre o espetáculo.

Dicas de como chegar em nossa sede, de carro ou ônibus, de São Paulo ou
Campinas e também para adquirir nossa revista e/ou livro recentemente
publicado, visite nosso site www.unicamp.br/lume
clicando em SEDE e também em PUBLICAÇÕES.

Abraços a todos!!!

LUME
Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais COCEN - UNICAMP
Tele/Fax: (19) 3289 9869
E-mail: lume@unicamp.br
Home-Page: www.unicamp.br/lume


Sobre a Atriz
Yael Karavan estudou no Japão com Kazuo Ohno, Teru Iwashita do grupo Sankai
Juku, Carlotta Ikeda entre outros. Atualmente faz parte do grupo Mamu Butoh
de Tadashi Endo e Ten Pen Chi de Yumiko Yoshioka.

Sobre o Espetáculo
Confira abaixo a crítica do espetáculo, publicada na Revista "Total Theatre
Magazine", no dia 11 de Março de 1999.

Desde o primeiro momento esta é uma peça que prende absolutamente a
atenção. Tem um pequeno foco, um tecido manchado e matizado no centro
esquerdo, e um ambiente pleno de expectativa. Os primeiras sinais de vida
começam ao som da música de Arvo Part e um nascimento mitológico está
acontecendo em nossa frente. Lembrando os momentos mais esotéricos de Red
Zone de Derevo, a platéia assisti fascinada a Yael Karavan embarcando numa
viagem de crescimento e transição.
Com elementos de Butoh e dança, a disciplina corporal de Karavan é
extraordinária. Cada pulso e movimento conta enquanto ela vai nos deixando
entrar no íntimo mundo/útero que ela ocupa. Conforme a criatura cresce,
Karavan brinca com sua platéia – camada após camada de tecido caem do seu
figurino, revelando que seu rosto continua oculto num véu de mistério – um
tipo de ‘striptease’ espiritual que deixa a platéia grudada.
O que é extraordinário nessa performer, é que com todas as camadas de
figurino, luz, som e máscaras potenciais que ela usa, ela ainda consegue
manter um nível simples de consciência, abertura, e vulnerabilidade, o que
cria uma comunicação e intimidade raras. A viagem é primordial e toca num
nível intuitivo sem se dirigir às complicações confusas do intelecto.
Durante esta obra sensual, nunca estamos em dúvida com relação ao que nós
devemos sentir – tudo é comunicado.

( Um espetáculo imperdível. Estou providenciando uma ida rapidinha a Campinas para ver este trabalho).


Taí uma notícia que eu não poderia deixar de registrar aqui pelo ineditismo do fato. DENISE STOKLOS dirigiu um monologo (quero crer que é a primeira direção fora da sua companhia) com a atriz de tv e cinema CAROLINA FERRAZ, cuja estréia aconteceu neste final de semana, em Curitiba, numa curtíssima temporada de apenas dois dias.
Reproduzo aqui na íntegra a crítica de ALESSANDRO MARTINS, de "O Estado do Paraná" de l6 de março. Vale dar uma confeira no estilo bate-pronto do Alessandro
.

Crítica
Carolina Ferraz imita (mal) Stocklos
Alessandro Martins

O público sempre está do lado do ator. Realmente, faria pouco sentido se, à entrada do teatro, fossem distribuídas pistolas d'água ou bolas de tênis para alvejar o artista, que ficaria a macaquear para se desviar dos projéteis, enquanto, ao mesmo tempo, tentaria dar seu texto. Mas não é assim, salvo em algumas peças experimentais de cunho atlético, dietético ou outra bobagem qualquer.

Na verdade, é como um jogo de futebol com uma torcida e um time apenas. Ninguém quer que o ator erre ou passe por enrascadas no palco e, se isso acontece, todos ficam um pouco nervosos, tensos, a imaginar como ele fará para se safar. Quando consegue, vibra-se. Isso acontece por diversos motivos, desde a identificação que existe entre os indivíduos da platéia com o ator e o personagem até o fato de se ter pago vintão para entrar no teatro. É saudável que seja assim e é assim desde os gregos, quando até os médicos receitavam idas ao teatro. Grosso modo, na tragédia, o herói era um coitado para que nós não precisássemos ser e, na comédia, um estúpido para que nós não o fôssemos. Identificação, catarse, torcida e essas coisas todas.

E foi isso o que proporcionou o melhor momento da estréia de Selvagem Como o Vento, monólogo com Carolina Ferraz e direção de Denise Stoklos, apresentada na última sexta e sábado, no Teatro do Palácio Avenida. A certa altura a atriz, adoentada, precisou tossir justamente em um momento verborrágico do texto e, sem perder o ritmo da fala nem o espírito do momento, conseguiu explicar ao público que estava fragilizada e que precisou tomar uma injeção desse tamanho antes de entrar no palco, para o deleite dele, o público. Foi aplaudida em cena aberta por seu desprendimento e desenvoltura.

De resto, o que se viu em Carolina Ferraz foi uma mini-Denise Stoklos, uma réplica da diretora só que sem o mesmo poder. Stoklos, quando abre os braços no meio do palco, é como se suas mãos abarcassem a boca de cena. O mesmo não aconteceu com Carolina Ferraz. O seu gesto carecia de energia.

É preocupante a reprise de recursos de outros espetáculos de Stoklos. Por exemplo, a repetição de um gesto até transformá-lo em um novo gesto, um gesto estilizado, uma espécie de coreografia em que o movimento perde seus significados em termos funcionais e ganha novos em termos estéticos, como no espetáculo Casa, do começo da década de 90, e também em outras apresentações. No chamado Teatro Essencial, a palavra passa por processo de transformação similar. Quem esteve em Selvagem Como o Vento viu isso novamente, mas feito por Carolina Ferraz, instruída pela diretora.

Talvez Stoklos devesse procurar um outro caminho para sua pupila que não o que ela próprio trilhou. De outro modo parecerá que a diretora está a se repetir e a prejudicar o avanço da aprendiz no que diz respeito à originalidade e autonomia artística. A diretora corre o risco de, com isso, ela mesma, passar a se repetir.

Mas o grande problema do espetáculo é o esforço aparente da atriz. Não que ele não possa aparecer. Ele pode, desde que o ator queira. Mas Carolina Ferraz não tem controle sobre isso. Que se dê o devido desconto por ela estar com algum problema de saúde na sexta-feria, gripe talvez, em alguns momentos sua interpretação foi histérica. Era quase como se o espetáculo fosse uma demonstração de atletismo e como se as tais pistolas de água e as bolas de tênis pudessem ser acionadas a qualquer momento uma vez que o que a atriz fizesse no palco não tivesse o efeito desejado.

A arte não precisa se prender a essas coisas de causa e efeito. O ator deveria agir preso somente à necessidade do ato e não à da reação. A reação já não seria problema dele e, assim, as coisas correriam melhor, mais sinceras e serenas. O momento em que a atriz se viu apuros, precisou tossir e se safou foi tocante porque, naqueles segundos, ela foi espontânea e fez o que precisava fazer. Dane-se o resultado e a reação do público.

Talvez por ainda não dominar isso, numa das passagens que poderia ter sido a mais engraçada da peça, quando o personagem passa uma receita de arroz de pato, notava-se que Carolina fazia uma força enorme para agradar. Quem sabe se, pelo mesmo motivo, olhou algumas vezes para onde estava sentada a sua diretora, quem sabe até sem perceber que fazia isso. A cena agradou, talvez por que as pessoas ainda não tinham visto algum espetáculo em que Stoklos fez coisa semelhante ou porque acham graça em ver uma bela atriz global a fazer caretas e macaquices ou porque pagaram para estar ali e se divertir.

O texto tem muitos lugares-comuns. Há pouca sutileza, qualidade que se esperaria de artistas que pretendem contar uma história pela qual a maioria dos viventes já passou. Nesses casos, o que importa não é a história ou a situação sempre iguais vivida pelo personagem, mas como ela é contada. As histórias não têm obrigação de ser novas, mas sim a forma como elas são vistas e propagadas pelo artista, nesse caso a autora. Talvez ela devesse aprender algo sobre isso lendo o texto 500 Vozes, de Zeca Corrêa Leite. Uma parte do texto fala da ausência do outro depois de uma separação e, nela, Leite dá uma aula sobre como escrever a respeito do tema.

Em certo momento, a autora nos brinda com uma citação de O Pequeno Príncipe. Aquela que fala sobre cativar e ser responsável por uma pessoa. Abstenho-me de comentário sobre isso, mas a receita de arroz de pato parece apetitosa.

Em resumo, a coisa toda foi um sucesso, todos aplaudiram de pé no final, Denise jogou em casa, Carolina também, a torcida ou o público estava toda do lado delas e isso até é bom porque ninguém espera que qualquer pessoa estivesse ali para destruir o espetáculo. Todos que entram no teatro o fazem para se divertir, salvo o crítico sádico e infeliz a esfregar suas mãozinhas brancas, sebosas e de dedos magros. Bem, na verdade, isso parece uma psicopatia dos tempos modernos, visto que no tempo de Shakespeare as pessoas traziam as leguminosas de casa. Quer dizer, eram mais espontâneas no que dizia respeito à aprovação ou não daquilo que viam e não se deixavam impressionar por nome algum. Fosse esse nome Carolina Ferraz, Denise Stoklos ou William Shakespeare. Selvagem Como o Vento não é uma peça para se passar na quitanda antes do espetáculo, mas está longe, muito lonte, de merecer aplausos de pé.

Jornal O Estado do Paraná l6/03/2002



12.3.02

Diretora do Théatre du Soleil pede "fogo da infância" no teatro.
Reportagem do competente VALMIR SANTOS (gosto muito do seu estilo e desconfio pela pertinência dos seus textos que ele é um ator também), enviado especial da Folha de São Paulo a Belo Horizonte.

Ele entrevista também a brasileira Juliana Carneiro da Cunha, primeira atriz do Théâtre du Soleil. Tive o privilégio de assistir "LA VILLE PARJURE ou Le Réveil des Érinyes" , de Hélène Cixous, a famosa historia do escândalo do sangue contaminado, em 94,durante o "Festival de Outono", em Paris. E eu lembro com muita emoção da comovente interpretação da Juliana no papel de uma Mãe (ela é maravilhosa!) e do belíssimo espetáculo que tinha oito horas de duração (podia assistir parceladamente ou inteiro).

Foi disparado o melhor espetáculo do Festival de Outono, ( tinha de Peter Stein, Bob Wilson, Regis Debray a Giorgio Corsetti - um jovem diretor italiano de muito sucesso na época - entre outros) e o mais belo e pleno espetáculo que eu tive a oportunida de assistir na minha vida (texto, direção ,atores, cenário -inesquecível- músicas. Eu choro até hoje quando ouço um trecho de uma ópera cantada pela Feodora Barbieri e que entrava em alguns momentos). Assistí três vezes. Sendo que a primeira assistí as oito horas, direto, e na segunda e terceira parceladamente, quatro horas em cada dia. E isso porque eu estava me dividindo para assistir outros espetáculos do festival. Não fora isso, teria assistido outras vezes.

Gosto muito daquela comida lá do Soleil, com verduras e muito temperinho verde, plantado por eles lá na horta do Soleil, uns pãezinhos e uma sopa , hum... servida nos intervalos das sessões pelos próprios atores e administradores, e a Ariane ajuda também. Bateu a maior saudade do Soleil, e de Paris... vou parar por aqui antes de cometer alguma impertinencia de assuntos. Noblesse oblige. Voilà.
Viva o Carlos Paranhos

A materia do "Estadão", foi sinalizada pelo antenado Carlos Paranhos, em e-mail especial para esta escribauta. Valeu, gente boa! Não imaginas o tamanho do meu sorriso.
Ah, bendito Estadao, correu na frente e publicou segunda"Diretora do Theatre du Soleil emociona" !!!!

11.3.02

Sujou!

Dá uma passada lá no Artimanhas, o meu blog pessoal, que eu estou contando o
porquê.
Da Ariane Mnouchkine, nada...

Já pesquisei avidamente nos jornais (on line) de Belô, e nenhuma linha sobre a Ariane. Cheguei a pedir um help para o meu querido amigo blogueiro que mora lá, o Caio Cesar, e que foi um dos criadores do portal "Uai", e ele falou que os jornais impressos também não tinham nada. o JB, OGlobo, Folha, Estadão, nada também...

Como eu sou otimista e esperançosa, vou continuar pesquisando durante a semana, pode ser que o Macksen (crítico do JB) e a Barbara Heliodora (do Globo), tenham estado lá, e publiquem alguma coisa durante a semana. Voilà.

7.3.02

Ecos do ECUM 2002

Hoje, na parte da manhã, teve um aula-debate com a nossa Mestra Angel Vianna, um dos destaques nacionais da programação. Sábado, dia 9, de manhã, a esperada aula-debate da Ariane Minochkine, do Théatre du Soleil.

Os jornais de Minas, além da pouca cobertura, (no domingo não tinha uma linha sobre o ECUM), estão dando informações erradas, como nesta página aqui que confunde o leitor, informando que a Ariane é diretora do Cirque du Soleil. Trocou a entrevista de um francês pelo outro, no penultimo paragrafo do texto. Ainda bem que na troca, deram a voz ao Sthephane Brod, que sempre tem coisas interessantes para falar.

A programação foi alterada. Os japonêses que estavam anunciados não virão. Mas nada disso pode tirar o brilho desse evento que se firma a cada ano como um dos acontecimentos mais importantes das artes cênicas, no Brasil e no mundo.


Solos da dança carioca

Em sua terceira edição, o Projeto Solos de Dança, estreiou ontem no Teatro do SESC, em Copacabana, ( e na próxima semana, no Teatro Sergio Porto), trazendo trabalhos dos mais expressivos coreografos do Rio, misturando tendências e procedências. Ana Victória, Carlota Portela, Sylvio Dufrayer, o Paulo Mantuano lá da Escola (Angel Vianna), a atriz e bailarina Paula Águas, Marcia Milhazes, e dois diretores de teatro com incursões na área de dança, o Henrique Diaz e o Gilberto Garownski, vão mostrar os resultados de suas pesquisas

À moçada antenada nas pesquisas dos novos rumos da dança contemporânea e do teatro, é um programa imperdível. Detalhes aqui no Bzinho de hoje.

6.3.02

Assunto: [forum_teatro] (unknown)
Data: 05/03/2002 20:10:13 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (Igo Ribeiro)
To: forum_teatro@yahoogrupos.com.br


O atorzinho

Existem vários tipos de atorzinhos: aqueles que surtam que são artistas só porque "levam jeito pra coisa"; aqueles que alguém surta dizendo pra eles que eles são artistas; aqueles que são filhos de artistas mas nem por isto são também; aqueles que são bonitinhos e ao invés de fazerem curso de modelo e manequim, a mamãe bota num cursinho de teatro; aqueles que não querem nada com a vida, então vão fazer teatro; aqueles que querem ir pra Globo a qualquer preço; aqueles que começaram a andar com "gente de teatro", acharam bacana e resolveram tentar; aqueles que piram na maionese, surtam na batatinha, comem muito cocô e acham a parada muito maneira, a maior viagem...

Bom, se você se enquadra numa destas situações, então você é um atorzinho. Mas não se preocupe, você não está só! Na verdade, em cada esquina desta cidade maravilhosa você encontrará um parceiro, um ombro amigo. E se sua intenção é se aprimorar cada vez mais neste ofício, aqui vão umas dicas:

1. Matricule-se imediatamente num curso caríssimo de "Interpretação pra tv" com qualquer diretor famoso. Todo final de semana o jornal divulga uns quatro. Escolha o seu!!!

2. Matricule-se no Tablado DE QUALQUER MANEIRA. Mas não se incomode em prestar atenção às aulas e ouvir o que tanta gente experiente e bacana tem pra lhe dizer, apenas esteja lá.

3. Deixe seu currículo em montes de agências que anunciam no jornal, acredite piamente que vão lhe chamar pra trabalhar.

4. Faça um monte de eventos, recepções, animação infantil e recreação para garantir sua sobrevivência.

5. Não leia, afinal você tem pouco tempo.

6. Esteja sempre nos lugares da moda e nas festinhas badaladas como se isto fosse muito importante.

7. Nunca tenha opinião sobre nada, não critique, não arranje confusão, engula muito sapo. Você nunca sabe o dia de amanhã... Você pode precisar das pessoas...

8. Fuja de grupos de pesquisa e peças sem patrocínio, isto não chega a lugar algum.

9. Entre na academia onde a "tchurma" malha e vê se consegue se enturmar.

10. Faça-se sempre de humilde, mesmo quando estiver sendo sacaneado ou humilhado, todo mundo sabe que é falso, mas "pega bem".

11. Vá às estréias. O importante é ser visto.

12. Faça qualquer coisa para tirar o seu registro: montes de pecinhas infantis babacas adaptadas de filmes da Disney, Projetos Escola imbecis pra fuder mais ainda a cabeça desta geração, pontinhas em programas humorísticos, muita figuração, filme pornô rural, QUALQUER COISA pra tirar este maldito registro que não prova porra alguma e nem garante caralho algum.

13. Sorria, seja bacana com todo mundo e tenha muita fé. Se você acreditar nos seus sonhos , eles vão se concretizar, o universo todo conspirará a seu favor e blá blá blá...


Igo Ribeiro é ator e etc e tal, e como todos, luta para não acabar um atorzinho...

..................................


Assunto: [forum_teatro] "ingresso de classe"
Data: 04/03/2002 01:07:36 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (mariozinho)
To: forum_teatro@yahoogrupos.com.br

Pelo que lembro foi alí pela década de oitenta que institui-se o "ingresso de classe", porque, antes, vivíamos um sentimento mais definido de família do teatro como se refere a Camila, era tradicionalmente franca a entrada de qualquer artista ou estudante de arte; nas boates, músicos que dessem canja não pagavam para beber e comer, como também, atores podiam ter gratuidades em alguns restaurantes e outras "regalias", facilitadoras da dura vida de artista, que, talvez alguns membros do forum ainda lembrem...

Estou falando das décadas de 60 e 70.

A famosa frase da Cacilda é de um período anterior, período de afirmação do teatro profisional no Brasil, da definição de produtores e da comercialização dos seus produtos que, naturalmente, não foi dirigida aos integrantes da "classe".

Justamente no período dos 80 a "classe" passou a aumentar muito, surgiram muitas escolas de teatro a despejar montões de novos artistas a cada seis meses, o mercado profissional desdobrou-se em novas áreas e o sentido de classe vem sendo diluido, particularizado, fragmentado, desde então...

Por outro lado, no período anterior, a ida a um espetáculo cumpria a função de um exercício de cidadania e de participação social, frequentemente aconteciam acalorados debates, a cidade transpirava os acontecimentos de cada uma daquelas casas e era possível com um banquinho e um violão, faturar o troco do aluguel numa bilheteria de teatro (Juca Chaves que o diga!).

Sofremos uma brusca mudança em nosso destino e temos atualmente as grandes corporações completamente instaladas em nossas vidas; durante algum tempo fomos capazes de resistir, graças ao nosso respeito mútuo (apesar das diferenças que sempre existiram) e o sentido definido de auto-preservação da classe acima de tudo, acima, até de um governo militar ditatorial absoluto e obscuro; resistíamos com a nossa corrente humana, mantivemos o "nosso jeito de ser", preservando a identidade íntegra do artista diante dos absurdos, dos desmandos e das artimanhas do poder.

Com toda a fragmentação perdemos a nossa propriedade participativa, voltamo-nos exclusivamente para as nossas produções e para as produções do nosso gueto, ao passo que, o público não está necessáriamente dividido nas mesmas tribos e trips, ele busca a diversidade, enquanto que, como classe, vamos desperdiçando a oportunidade de oferece-la com o teatro, reconhecendo apenas "o que é espelho", o que, para o público, representa pura mesmice.

O fato é que uma produção não pode resolver-se com o meio ingresso da classe, não é assim que se resolve a coisa, isso acaba virando uma autofagia e só contribui para uma fragmentação ainda maior de um meio profissional onde falta intercâmbio.

Alguns recursos como sessões, festas e eventos pró-produção, são viáveis e usuais, aí, aqueles que dispõe podem exercer a sua solidariedade, contribuindo.

Tanto a sessão para a classe, quanto o passe livre para os artistas são benéficos a qualquer temporada, em respeito a todas as opiniões colocadas sobre o assunto, essa é a minha.

abraços e beijos

mario---------------------------------------
(http://www.ilhagrande.com)




Assunto: [forum_teatro] Políticas para as artes cênicas
Data: 06/03/2002 18:16:11 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (Maria Teresa Amaral)
To: forum_teatro@yahoogrupos.com.br

Ficamos aqui discutindo - e sempre é bom discutir - a respeito de nossas
atitudes com relação às promoções e convites.
Depois da intervenção de Isis Baião julguei que não cabia escrever para
dizer: "Concordo", porque não acrecentaria nada à discussão. Mas obviamente
sou a favor de ingressos baratíssimos para alunos de escolas de teatro ( nos
meus espetáculos custam 1,00 ) e mesmo para jovens atores.Quanto aos que já
tem estrada - meia é de tradição. Fazê-lo é poupar-nos trabalho no futuro,
quando formos trabalhar com estes jovens, que muitas vezes quase não vão ao
teatro, não sabendo o que fazem nossas boas atrizes, atores, diretoras e
diretores e até nossas não tão felizes produções, porque é preciso ver de
tudo para saber julgar.
Mas este email é pra dizer que esquecemos da parte mais importante: não
vamos nos aperfeiçoar, pesquisar, fazer espetáculos arriscados, com autores
desconhecidos, atores que, muitas vezes, não fazem, ou quase não fazem TV
e não estou dizendo que não há ótimos atores na TV ), interiorizar o
teatro,se os nossos governos, em todas as instâncias, não investirem no
teatro de maneira planejada, metódica, visando o longo prazo, pagando a
tempo e a hora o que prometeram. Se não houver investimento em formação de
profissionais e plateia, informação, divulgação, investimento em grupos,
companhias, sedes.
Não, não é esmola. O teatro dá empregos, muitos, e principalmente mantem a
cultura de uma nação ( diferente de pais ) unida, mesmo e necessáriamente
respeitando as diferenças ( não estou falando aqui da maldita identidade
cultural ). E é pela cultura viva que se resiste ao genocídio cultural - um
dos efeitos mais doentios da inevitável globalização, se ela não for
encaminhada como quer, por exemplo o pessoal todo que se reuniu em Porto
Alegre.
A França considera a cultura o único item inegociável na Organização Mundial
do Comércio. A ponto de, querendo proteger sua agricultura teorizou-a como
cultura - por seus resultados nos queijos, vinhos e outras comidas e bebidas
que constituem-se partes da cultura francesa.
A França ganha muitíssimo dinheiro com cultura - é uma das primeiras fontes
da receita francesa.
A França, depois de anos de investimento, conseguiu que, em 2001, 40% do
público francês assistisse a filmes franceses.
Se algum de vocês se derem ao trabalho de entrar no site do Ministério da
Cultura francês vão achar num mapa o impressionante número de centros
culturais, em suas mais diversas formas, inclusive escolas, espalhados por
toda a França, que é apoiado pelas diversas instâncias do governo francês.
Tem até uma história engraçada, que me contaram: um pessoal invadiu um
prédio do governo francês e está sendo posto pra fora. Mas em vez de só
morar lá, eles fizeram um centro cultural. Daí o governo, põe eles pra fora,
mas, enquanto isso, dá dinheiro pro centro cultural.

Lugares pequenos como o Margarida Rey, ou o Centro Cultural do grupo
dirigido pela Ana Maria Nunes - Carmo, por exemplo, receberiam, na França,
as honras da visita de uma comissão composta por vários ministérios - me
lembro do da Cultura e se não me engano da Economia Solidária, mas eram
três. Esta comissão faz uma monografia detalhadíssima sobre o lugar e suas
necessidades e o governo - apoia. E mais, considera que é destes lugares que
virá a renovação da arte francesa, também os considera determinantes para a
intergração da sociedade francesa.
Disse tudo isso para explicar que não vai ser dando mais ou menos convites -
discussão super válida -que vamos resolver o problema do teatro no Rio de Janeiro. Mas votando emgovernantes que sejam menos obtusos quanto às políticas culturais.Infelizmente estamos em falta, por aqui. Porque também, só organizados podemos garantir a continuidade de políticasculturais corretas.

E por favor ninguém venha me dizer que este típo de política será enterrado
com o "estado-abundância" e que é como as aposentadorias: um problema. Se os argumentos pacíficos não convenceram vocês, pensem na importância
estratégica que tem a cultura na luta dos USA para conservar sua hegemonia.

E nós não vamos resistir?
Não precisamos, nem devemos, ser xenófobos, basta fazer boa arte. Já é uma
p... resistência.

Maria Teresa Amaral














4.3.02

Assunto: [forum_teatro] (unknown)
Data: 03/03/2002 00:09:07 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (Igo Ribeiro)
To: forum_teatro@yahoogrupos.com.br

Não sei que coisa é esta que todo mundo acha que tem vocação e, principalmente no Brasil, se transformou numa vitrine de ostentação, futilidade, superficialidade e vulgaridade. Esta coisa que transcende o tempo, a história, a ciência e o racional humano.

Esta força extrema que o tempo passa e está lá: gritando, pulsando, doendo, incomodando, emocionando e TRANSFORMANDO.
Esta forma anárquica da representação e dos anseios humanos: ARTE.
Não, não posso admitir que qualquer um tenha este dom. Não é para todos. Deus escolhe bem seus representantes.
E vou continuar acreditando nisto.

Desprezo e dou as costas para enganadores, charlatões, canastrões e oportunistas. Sigo o meu caminho abençoado por Dionísio entre delírios bacantes e gritos ditirâmbicos. Sei que vai dar em algum lugar.
E quem quiser me acompanhar será bem vindo. Só posso garantir uma coisa: não é fácil. Muitas vezes dói, confunde, machuca e nos atira ao desespero. Poucas vezes nos faz sorrir das conquistas e acertos.
É nestas horas, que nos sentimos sendo ARTISTAS...


Igo Ribeiro.





3.3.02

Assunto: [forum_teatro] arapucas.. ( o livro)
Data: 03/03/2002 02:00:39 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (Renata Azzi)
To: forum_teatro@yahoogrupos.com.br (forum)

Ih, saiu enorme! (Quem ler inteiro ganha um doce)
É que eu achei que pudesse acrescentar... Me instigou um certo desabafo, que foi amplamente aderido,comentado,e ratificado. Eu, pessoalmente, fiquei imensamente feliz, pois acho que a ira pode ser algo muito positivo se ela te move, gosto de emoção e verdade.Senso de humor, então, me ganha na hora!

Então, eis o que posso acrescentar : mais dúvidas e confusão. Tipo: Que padrões são esses, e por que supostamente deveríamos segui-los? De vigor cênico? de saúde? (aliás,plástica é saúde?) ou de uma estética distorcida de corpo- mercadoria?( que aliás é feio pra burro?)
O corpo-mercadoria serve pra quê? Pra vender sabão em pó, ou cerveja?
Se é vender cerveja, é isso que se busca quando se vai estudar-anos-e- pesquisas-e- blablabla-Brecht-blabla-Barba...? Se não é , então serve a quem?

Mas importante mesmo, seria saber: De quem dependemos realmente? da globo? da shell? da audição? do colega de cena? Ou melhor dizendo, por que em São Paulo o movimento teatral é tão mais consistente do que aqui?
Por favor, não estou dizendo que não tenha gente fazendo, e companhias, e grupos etc aqui no Rio, mas sim que não dá pra comparar ! Ah, desculpa, pô, mas não dá!

Nada contra quem faz tv e adjacências, mas, gente, existem outras possibilidades.. Dá pra desligar a TV. (ou ao menos ligar o vídeo junto.) Desligar-se da tv. Digo isso porque por mais medonho que possa parecer , é o que mais se ouve nas coxias teatrais por aqui (Tv-tv-tv, quem come quem, quem é meu amiguinho, quem deu piti no baixo... ) Sinto que em muitos níveis, quem sustenta esse "poder" da tv são os próprios artistas (alguns- muitos) de fora e de dentro que são obcecados.

A cerveja do corpo-coisa é tão cotidiana que somos vendidos e somos comprados em seu nome sem nos dar conta. ( compliquei?) É algo mais profundo que o corpinho-troço-gostosinho. É sentir como se estar na tv fosse a grande meta ,ou o único reconhecimento, ou pior, como se fosse de verdade.(!) ( Pô, fala sério! )
E eu que achava que a globo era indústria..Indústria que quase nada tem a ver com arte! Como sou inocente... rolo de rir comigo! O que está deslocado, eu desconfio, não são os critérios deles...
E tudo em nome de quem?... Do público? Existe mesmo isso? ( Ah já sei! É aquele que bate-palminha-bate, de pé, é claro, pra qqr mico caça-níqueis, né?)( Nada contra quem gosta, mas um pouco de critério não mata né?)( Mas não, quem morreu mesmo foi o senso estético! E quem matou?)

E mais, ....botar o pé no chão é importante, um toque bacana,etc, mas, cara, serviço público tem limite. Quero dizer, pensa só..,temos mesmo que nos contentar, (digo, ficar contentes!) em ficar fazendo o que pintar, dar aulinhas qualquer-nota sem vontade ( Q alunos vão ser formados assim, jesus, maria, jose?!?),ou fazer teatro eu- odeio- crianças ,sem o menor jeito pra coisa?

Sim, gente ( que é pra brilhar e `n pra morrer de fome!) hai que ralar, hai que endurecerse, mas bem que ,podia ter mais perspectiva, dignidade e mais respeito.( um direitinho só, de algo assim, remoto.. digamos.. envelhecer!, ou morrer e ter onde cair..)
E se não tivermos essa BENDITA IRA , como vamos conquistá-los? (viva Pã!)
beijos, abraços
Renata - pânicoteatro


Assunto: [forum_teatro] (unknown)
Data: 02/03/2002 01:32:28 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (Igo Ribeiro)
To: forum_teatro@yahoogrupos.com.br

A todos os queridos companheiros do Fórum:

queria me retratar esclarecendo que por se tratar de um desabafo, meu texto anterior era, obviamente, INFLAMADO e cheio de mágoas e declarações que podem ter soado agressivas. Sei que posso ter parecido pedante, não era a minha intenção.

1- Quando falei da Uni_Rio dei apenas um depoimento pessoal, citando um exemplo de dedicação e caminho percorrido. Existem muitos outros. Mas tem que haver o caminho do ESTUDO. SEMPRE.

2- Não tenho nada contra corpos sarados e rostinhos bonitos, apenas acho que esta não deve ser uma regra. E todos nós sabemos que é. Toda regra tem exceções. Mas não lutamos para ser exceções, não é mesmo?

3- Não tenho nada contra quem faz educação física ( me perdoe, Claudinha Rodrigues !!! ) , tenho contra quem a utiliza como fonte de experiências estéticas e fúteis. O ator não precisa ser sarado e gostoso, precisa ter TALENTO E INTELIGÊNCIA.

4- Vocação não significa "levar jeito" ou "gostar" de alguma coisa. Dancei por muitos anos, levo até jeito pra coisa, mas não me autoproclamo bailarino; seria uma sacanagem com a classe...

5- Precisamos reavaliar os critérios sim. O que se precisa para tirar um registro? Qual a avaliação? Um indivíduo que sai fazendo um monte de pecinhas infantis babacas e cursinhos mercenários tira o mesmo registro que um outro que ralou, estudou e tem talento e competência? No mercado, como se avalia o valor destes profissionais? Por meio de testes? Os testes realmente avaliam alguma coisa? Quanta gente boa não passa em testes? Todos nós conhecemos gente assim. "Ah, mas quem tem talento de verdade, uma hora consegue"... MENTIRA. Conheço muita gente com talento que já desistiu, não por covardia, mas porque tem contas pra pagar, remédios pra comprar, aluguel atrasado...

Não prego verdades, apenas levanto questões. Quero ter esta oportunidade. De errar se for preciso. Mas me calar nunca.

Um beijo no coração de todos,

Igo Ribeiro.


Assunto: [forum_teatro] Cortesia é fundamental
Data: 01/03/2002 17:13:18 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (Isis Baião)
To: forum_teatro@yahoogrupos.com.br

Vitor,
Cortesia não é "bicho papão", cortesia é fundamental. Eu não disse que era contra dar convites, tampouco que os atores frequentam restaurantes caros (infelizmente, não). Um dos problemas da nossa classe é a falta de entendimento entre nós mesmos. Seria ótimo se lessemos o que o outro realmente escreveu ou disse. Vamos clarear o assunto:

Eu não sou contra convites. Aliás, dar convites foi o que mais fiz na temporada do "Cenas Curtas". Acho que devemos ter os chamados ensaios abertos para convidados, acho que os convites para estréia devem ser válidos durante todo o primeiro fim de semana do espetáculo e que todos os participantes da montagem devem ter uma cota semanal de convites. E acho também que isto é suficiente e deve ficar por aí.

Se quase não há mais ingressos para a classe, devemos tentar ressuscitar esta saudável prática em todos os teatros.
Finalmente, não são só os atores que pedem convites. Portanto, não me referia aos colegas quando disse que tem gente que sai do teatro, onde descolou convite, e paga no restaurante uma conta de 50 paus, sem chiar. Já vi isso acontecer.
E mais: pagar, ainda que 5 ou 10 reais, pra ver o espetáculo do amigo, é cortesia com o amigo.
Um abraço,
Isis


Assunto: [forum_teatro] "cortesia" Resposta a Leda, Isis e José leon
Data: 01/03/2002 23:16:30 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (Vitor Fraga)
To: forum_teatro@yahoogrupos.com.br

Sei que a tarefa é difícil, mas vou tentar responder a todos de uma vez só.
(Ps: Vamos deixar "bem claro" que quando falo de "produtores" não estou dirigindo minhas críticas a nenhum "produtor" em especial)

Leda,
Os atores que têm um bom padrão de vida, carros novos, celulares dos mais caros, e freqüentam bons restaurantes, são muito poucos, considerando o universo de atores que estão por ai ainda tentando fazer teatro. Sendo assim, duvido que esses colegas sem consciência (mesmo achando que deveriam pagar) onerem tanto as bilheterias.
Obrigado pelo esclarecimento! Eu realmente não sabia que o "ingresso de classe" tinha mudado de nome.
Não eximo de culpa a classe dos atores pela desvalorização. Realmente para cada ator que se recusa a trabalhar por um salário de fome, existem cem que aceitam. Porem não vamos esquecer que para todo o corrompido, existe um corruptor, e talvez, apenas talvez, os produtores inescrupulosos que fomentam esses salários de fome, e promovem esse "quem dá menos", se aproveitando da desunião da categoria, sejam piores que os "atores desunidos".

Isis,

Só pra te esclarecer: Não enderecei meu E-Mail a ninguém ,e mais de uma pessoa havia se pronunciado antes de eu escrever. Por acaso uma delas falou claramente sobre os "colegas", por isso toquei no assunto. Por tanto faço minhas, as suas palavras: " Seria ótimo se lêssemos o que o outro realmente escreveu ou disse".
Tenho certeza que existem pessoas que podem pagar e assim mesmo pedem convites. Mas por outro lado nada impede que neguemos "a esses" a cortesia! Minha colocação é que tenho reservas quanto a acabar com a cortesia ou a meia entrada. Se você tem uma unha encravada, a atitude sensata é, quando muito, arrancar a unha, e não amputar o dedo.
Por fim,acho que a maioria dos atores dá convites de seus espetáculos, e vai de graça no dos amigos por uma questão de falta de dinheiro, ou por simples "cortesia" no verdadeiro sentido da palavra.

José Leon,
A maioria dos atores de teatro já trabalha de graça!!!! Isso quando não paga para trabalhar!!!! portanto vou repetir para você minha frase anterior:
"Podemos sim afixar na bilheteria a frase da Cacilda Becker (não me peça de graça a única mercadoria que tenho para vender) . Mas deveríamos antes afixa-la no borderô."

Um Grande Abraço
Vitor Fraga



















2.3.02

A discussão continúa rolando até hoje (sábado) lá no forum, a partir do assunto da Coluna do Xexéo, domingo passado, em "O Globo". Vou continuar pinçando alguns depoimentos, ( não tem espaço para publicar tudo) entre os mais significativos, e vou continuar publicando aqui, na íntegra.
O Forum Virtual de Teatro Brasileiro está vivendo um grande momento da sua história, debatendo com a maior seriedade, as questões do artista contemporâneo e o fazer artístico no Brasil de hoje. Tá bonito de ver, as pessoas mostrando a cara prá valer, se expondo, falando o que pensam. Bom demais. E chega de muito bla-bla-bla, os depoimentos falam por si
.

Assunto: Re: [forum_teatro] A coisa vai mal...
Data: 01/03/2002 16:28:09 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (Claudia Rodrigues)
To: ('Airam Pinheiro'), ('Igo Ribeiro'),
forum_teatro@yahoogrupos.com.br

Oi !
Acompanho as discussões do forum há mais de um ano, e se me permitem essa é
uma das raras vezes que tenho vontade de me pronunciar.
Concordo que a coisa mal... tem tempo...
Sou formada em Educação Física, lecionei por quase quatro anos, entre
colégios, academias, APAE... Me formei em teatro no TERG ( curso
profissionalizante de três anos),fiz muito projeto escola, festa de
aniversario, promoções- acreditem já fui um "telefone" entre outras- fiz
prova de reingresso na UNI RIO, que infelizmente não cheguei a cursar por
falta de tempo - pois precisava dar aulas de natação teatro pra crianças,
adolescentes, etc...
Faço teatro desde 15 anos e hoje tenho 31. Um espetáculo atras do outro.
Durante esses anos parei nos últimos sete meses apenas, mas GRAÇAS A DEUS-
volto a ensaiar em setembro. Já fiz muitos fracassos: de publico, texto, e
também muitos sucessos... já gastei muito mais do que ganhei pra atuar.
Estou no sexto ano de contrato com a TV Globo, uma dúzia de prêmios no
escritório. Tanto de TV como teatro...Não tenho um corpo lindo, uma cara
linda, não conhecia ninguém na Globo, não sou casada com nenhum diretor da
casa, etc. E meu maior talento não é atuar, mas acreditar nele.

Desejo pra nossa galera de talento e capacidade sorte e paciência, pois arte
aqui é difícil mesmo... e quanto as "colegas" que "ganham" registros etc...
só lamento. Quanto a empresas que preferem patrocinar espetáculos com
elenco "global", vamos entende-las porque, lamentavelmente o "publico" quer
ver de perto os "protagonistas" já tão conhecidos por eles e poucos sabem o
que é arte...
Fazer o que? A TV Globo elege presidente, não vai escolher os que fazem
"sucesso" no teatro?
Que seja então, cabe a nós , continuarmos a bater palmas pros verdadeiros
colegas e ensinar aos nossos
filhos, amigos e alunos a reconhecer um verdadeiro artista.

É isso.
Claudinha Rodrigues

Assunto: Re: [forum_teatro] A coisa vai mal...
Data: 01/03/2002 22:43:36 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (Andréa Stark)
To: ('Airam Pinheiro'), ('Igo Ribeiro') , (Claudia Rodrigues)

Para ser escritor, Ariano Suassuna resolveu ser tb professor. Para ser poeta, Manuel Bandeira tb dava aulas na Faculdade de Letras, na Universidade do Brasil (hoje UFRJ). Jacob do Bandolim era escrivão, acordava cedo, serviço público, aquela coisa... Mario de Andrade, professor de música no Conservatório. Nélida Pinon é professora na Universidade de Miami, além de membro da Academia Brasileira de Letras o q lhe confere o prestígio de valorizar o seu pro-labore em palestras.

E todos são e foram comprometidos com sua arte e nunca deixaram de realizá-la. A coisa é e sempre será difícil pois estaremos sempre à margem.
Qdo se enxerga isso, tudo fica claro e o universo passa a conspirar a favor.
É essa minha opinião. Sorte a todos e muita arte, sem ilusões.
Abraços.
Andrea Carvalho Stark


Assunto: [forum_teatro] Igor e amigos
Data: 02/03/2002 17:24:54 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (magicat)
To: forum_teatro@yahoogrupos.com.br (Forum de Teatro)

Não dá prá ficar rancoroso numa profissão de risco como essa, senão a gente perde o prumo.
Já perdi o saco de ficar reclamando das vias oficiais(governo, empresas, Globo). Acredito que tá na hora de ser realmente independente, descobrir alternativas fora da rota conhecida.
Se as grandes empresas não querem me patrocinar porque sou pequena, vamos procurar as pequenas empresas que não podem patrocinar os grandes.
Se a mídia oficial não dá importância pro meu release, vamos procurar a mídia alternativa.
O povo está nas ruas e sabe o acontece nelas, não se ilude mais só com o silicone das belas atrizes.
Podes crer que existe vida inteligente além do Projac.
Cuide do seu talento e continue trabalhando.

Gatti















1.3.02

Assunto: RES: [forum_teatro] A coisa vai mal...
Data: 01/03/2002 10:18:04 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (Airam Pinheiro)
To: ('forum_teatro@yahoogrupos.com.br')


Vai mal mesmo, pessoal... Igo, faço meu o seu desabafo. Fazemos teatro como profissão ou porque acreditamos que a arte deve fazer parte do cotidiano de um povo ? A segunda opção não nos deixa numa posição muito confortável quanto à sobrevivência.
Enquanto escrevia esse mail, assistia ao jornal da manhã na Record e passaram alguns trechos da Família Trappo. Jô Soares, Golias e cia., levavam as platéias (era feito ao vivo) e os telespectadores ao delírio com um humor ingênuo, porém genuíno, chegando a alcançar 95% (!!!) de audiência. Um era gordo e o outro feio. Não eram carinhas bonitas, nem corpos malhados. Entre as mulheres até tinha loura, mas longe de ser só uma gostosa. Longe de ser uma mera exposição, um trampolim para um contrato com uma revista masculina, ou pior, para fazer parte de um book das meninas que estão na mídia e que fazem programas por quantias astronômicas com altos executivos.

Perdoem-me os inocentes, mas isso rola sim. E consegue ser mais triste que projeto escola e animação de festa, juntos !!! Esse fenômeno da imagem em primeiro lugar (prefiro chamar assim porque fenômeno é uma coisa que um dia acaba) chegou a um ponto em que colocaram no ar um programa que não tem história (tem roteiro, mas o pessoal não consegue seguir, pois não são atores - perdoem-me os inocentes mais uma vez). É só imagem !! Selecionaram uma meia dúzia de pessoas com uma imagem razoável e colocaram no ar. No lugar onde poderia estar passando alguma coisa interessante, como às vezes até acontece. Vide Brava Gente e algumas micro-séries. (...)

Ou como eu ouvi mês passado, durante um teste (não vou citar qual a produção, obviamente, por questões éticas): - "não tem problema. Quem a gente gostar, se não tiver registro, manda tirar na hora." Então eu ralo que nem um corno. Estudo que nem uma besta. Me formo em artes cênicas. Continuo estudando. Praticando. Fazendo teatro sabe-se lá como. Correndo atrás. E depois vem alguém, passa num teste e "ganha" o registro ??!!! Brincou.

Cada vez mais eu chego a conclusão que conhecimento é tudo. Claro, você vai dizer: Mas é assim em todas as áreas !
Concordo. Mas na nossa profissão é mais. Pode acreditar. Ontem mesmo eu estava pensando: agora quando perguntarem o que eu faço, vou responder que estou querendo ser ator. Porque eu quero ser, mas tá difícil. E se a pessoa insistir, explico: sou ator profissional, mas você já pegou o dicionário para ver o significado da palavra "profissional" ? "Pessoa que exerce determinada profissão - Profissão, s. f. Meio de vida que cada um exerce publicamente". (...) E se, definitivamente, não é o meu meio de vida, como é que posso dizer que sou ator ? Ainda mais profissional ? Não dá, né ?
Já estou na fase do "professores de aulinhas de teatro em cursinhos de pouca repercussão". Meu próximo passo é o "projeto-escola"... Só rindo.

Um grande abraço e me perdoem o desabafo,

Airam Pinheiro
_____________________________________________

Assunto: [forum_teatro] Resposta
Data: 01/03/2002 00:49:47 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (Paulo Duek)
To: forum_teatro@yahoogrupos.com.br


Como vai Igor e Forenses?

Adorei seu desabafo/crítica e concordo plenamente!

Quando alguém me pergunta: Como ser ator? ou Quero fazer TV e Cinema?

Eu só sei dizer: LEIA MENOS! ESTUDE MENOS! NÃO INTERESSA SE VC TEM OU NÃO
FORMAÇÃO! DRT É POSSÍVEL POR OUTROS MEIOS... (TODOS NÓS SABEMOS!).

VÁ MALHAR! 5, 6, 7, 8... BÍCEPS, TRÍCEPS, SUPINO RETO, ESTEIRA!

ACADEMIA JÁ!

QUE BRECHT? STANISLAVISK, DIDEROT E TOUCHARD! ISSO NÃO IMPORTA!
LER MUITO DÁ BARRIGA! O MÍNIMO QUE VC VAI SER É UM PROFESSORZINHO FRUSTRADO
OU UM CRÍTICO GORKIANO!

VÁ MALHAR! VÁ MALHAR!

Um Abraço!

Paulo Duek
_________________________________________________________________
Assunto: [forum_teatro] A coisa vai mal...
Data: 01/03/2002 11:48:46 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (Fabio Rodrigues)
To: forum_teatro@yahoogrupos.com.br (Forum Teatro)

Sou um desses professores barrigudos que dá 54 horas/aula de teatro por semana na rede estadual, na municipal e em cursinhos de pouca repercussão como meio de sobrevivência e, pasmem, para poder continuar fazendo teatro, viabilizando meus próprios projetos.

Como sei que a Petrobrás e a Brasil Telecom não vão viabilizar meus projetos teatrais, já que os profissionais da minha companhia sequer apareceram nas simulações do Linha Direta, vou resistindo, montando nossos espetáculos com recursos que vem de nossos próprios bolsos.

Enquanto não enquadro meu corpo na estética dominante, enquanto não caso com nenhum diretor global, enquanto não faço social com diretores teatrais, enquanto a democratização de patrocínios e seleção de elencos não triunfar, foi a solução que encontrei. Quem mandou perder tanto tempo estudando e engordando?

Abraços afetuosos e solidários,

Fabio Rodrigues



Assunto: [forum_teatro] sua mensagem para o fórum
Data: 01/03/2002 01:02:30 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (nanda rovere)
To: forum_teatro@yahoogrupos.com.br

Oi Paulo, Igor e Forenses e todos os colegas do Fórum
Concordo que, infelizmente, talento e esforço hoje em dia vale pouco, mas ao mesmo tempo vejo pessoas com talento com reconhecimento.
Sorte é muito importante só que nunca deixe de lutar pelos seus objetivos e perca as esperanças de um mundo melhor.
Conheço artistas de enorme talento que são parentes de gente famosa (lógico, isso ajuda muito) e outros que tiveram de ralar pra caramba. Admiro todos eles.
O que me chateia é essa chuva de pessoas sem nenhum talento invadindo o meio artístico. Isso ocorre em todas as áreas.
Acredito que uma das maneiras de prestigiarmos pessoas de talento é ajudarmos na divulgação de seus trabalhos e esse é um dos meus objetivos ao participar do fórum, além de trocar idéias.
abraço e sucesso a todos vcs
nanda.













Assunto: [forum_teatro] Cortesia é bicho papão?
Data: 28/02/2002 23:28:39 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (Vitor Fraga)
To: forum_teatro

Acho que quem faz teatro hoje em dia acaba caindo no paradoxo do ovo ou da galinha.
Gostaria de fazer apenas algumas considerações:

1) Será que diminuir ou extinguir os convites é a solução para valorizar nosso trabalho?

2) Não sei se vivo uma realidade diferente, mas a maioria dos atores que conheço nem carro têm, e dificilmente gastariam cinqüenta reais por cabeça em um jantar.

3) Já a algum tempo não escuto falar em ingresso para classe.E como atores não têm direito a meia entrada fica difícil chegar na bilheteria e tentar pagar meia.

4) A maioria das produções paga muito mal aos atores. E considerando que com o seu cachê você não consegue pagar o ingresso do espetáculo do seu colega (Que por sua vez também não consegue pagar o ingresso do seu), não vejo nada demais nessa troca de gentilezas.

5) Se eu recebo um cachê que não dá para pagar nem a entrada do meu próprio espetáculo, o produtor desse espetáculo deveria ter vergonha de barrar algum convidado meu.

6) Antes de se pensar em moralizar a profissão acabando com meias entradas ou cortesias, deveríamos pensar em valorizar o profissional que todos os dias dá seu suor, e sua emoção para fazer o espetáculo acontecer.

Na hierarquia do teatro o Autor é um profissional e precisa receber, o Iluminador, o Operador de Som, o Maquinista, o Figurinista, todos são profissionais e na maioria das vezes recebem mais do que o ator, sempre relegado a categoria de "amador" ou seja "aquele que tem que fazer por amor". Podemos sim afixar a frase da Cacilda Becker na bilheteria. Mas deveríamos antes afixa-la no borderô.
Fala-se no quanto é triste que o público pague um ingresso de cinema, e não pague para ver um grupo de pessoas atuar ao vivo. Se estes que fazem ao vivo não são valorizados pelos seus pares, quem sou eu para criticar o público?

Um Grande Abraço
Vitor Fraga
**********************************
FORUM VIRTUAL DE TEATRO BRASILEIRO
**********************************

COMO SE REGISTRAR NO FÓRUM:
Faça seu registro no site: http://www.yahoogroups.com
Depois mande um e-mail(em branco)para:
forum_teatro-subscribe@yahoogroups.com



Assunto: [forum_teatro] (unknown)
Data: 01/03/2002 00:34:38 Hora padrão leste da Am. Sul
From: (Igo Ribeiro)
To: forum_teatro

A COISA VAI MAL, MINHA GENTE, MUITO MAL...

Tenho sido acometido ultimamente de um ódio quase que xiita da classe artística, sem exceções: não tenho poupado atores, diretores, músicos, bailarinos e poetas. Ninguém. Tenho tido delírios noturnos de um homicídio lento e doloroso, de um massacre coletivo. Meu ódio aumenta quando não posso tomar uma atitude fria e distanciada, já que sou ator formado e faço parte deste "time". Ou melhor, não faço. Mesmo que eu queira.

Deixe eu me explicar: faço parte de um grupo que escolheu um caminho - o único que acredito possível - lento e árduo para se autoproclamar artista: fiz uma faculdade. Que muito pouca gente que se diz apreciadora de teatro conhece: a Uni-Rio. Ali, durante quatro anos, estudamos o teatro e a arte da representação diariamente e passamos por vários níveis de aprendizado para subir ao palco. Estudamos História da Arte, do Teatro Moderno, Estética Clássica, Psicologia, Artes Plásticas, Folclore, Técnicas de Expressão Vocal e lemos, lemos muito.
Quando nos formamos, estamos aptos para encarar qualquer desafio e derramar nossos talentos pelos palcos e telas de todo o país e do mundo, mas, nos faltou uma aula: educação física. Esquecemo-nos de ficar com o corpinho perfeito. Demos tanto valor aos livros e conceitos teatrais que nossos corpinhos não nos acompanharam.

Alguns colegas de faculdade com o corpo bonitinho até têm conseguido um ou outro trabalho na tv, mas nunca como protagonistas, porque, infelizmente, nos anos de estudo, adquiriram algum talento, coisa que muito dificulta para que você consiga um bom papel numa novela.

Eu achava que este fenômeno acéfalo era próprio da televisão e que o teatro era um templo inatingível e indomável; claro que sempre existiram espetáculos absurdamente comerciais que lotaram salas com rostos conhecidos e "comediantes" vulgares que tinham como única função fazer rir um público que se contentava com um texto chulo e uma interpretação simplória e caricata. Mas isto era uma parcela muito insignificante. Porém, o "templo teatral" tem sido profanado por uma horda de rostinhos bonitos, corpos perfeitos e inexperientes de todos os tipos que juram amar ao teatro sobre todas as coisas.

Até diretores que por muito tempo respeitei e admirei têm se apoiado no sucesso destes "artistas" para obter mais sucesso ainda ( $$$ ) em suas peças. A grande maioria dos espetáculos oferecidos e indicados ( ! ) nas últimas temporadas fazem parte deste fenômeno. Galãs sorridentes e mocinhas carismáticas, corpos bonitos, nu artístico, texto consagrado ou de fácil assimilação, nomes conhecidos na ficha técnica, muita grana de um patrocínio ou incentivo cultural cruel e mafioso e... voilá: sucesso garantido! O público ama, a crítica elogia, a mídia dá espaço demais e os verdadeiros artistas estão na platéia ( se tiverem grana pro ingresso ) ou trabalhando atrás de um balcão de shopping center.

Tenho conversado com alguns amigos que também se formaram e nenhum está trabalhando, não em teatro. São animadores infantis ( que ódio desta profissão, quem inventou tinha que levar um tiro na testa! ), professores de aulinhas de teatro em cursinhos de pouca repercussão, fazem "projeto escola" ( antes, a morte! ), trabalham em telemarketing, pensam em fazer concurso público ou estão desempregados mesmo. Todos assistindo pasmos ao nosso espaço sendo invadido e ocupado por indivíduos que nunca poderiam desempenhar a função, simplesmente porque não estão habilitados. Um médico não opera sem seus anos de estudo, sem residência, diploma, habilidade. Com um ator não poderia ser diferente. E não é.

Vivemos num país onde qualquer pessoa se torna notória do dia pra noite; basta ser político, piranha, traficante, jogador de futebol ou ator de novela. Não importa o seu passado, sua índole, seu talento, se você matou sua família e foi ao cinema ou se tem pacto com o demo: tá na mídia, tá valendo.

A coisa vai mal, muito mal e a tendência é piorar. E quem tiver soluções, dicas, ou qualquer luz para esta situação, que aja rápido. Espalhe sua indignação por emails, fax, fanzines, ondas piratas, telepatia, cartas aos jornais ou código morse. Vale tudo pra salvar o planeta. A arte agradece.


Ps: Igo Ribeiro é ator, diretor, autor, coreógrafo de teatro, professor de interpretaçao, acrobata aéreo, dublador desempregado e tá pensando em trabalhar na CeA ou mudar de país.

**********************************
FORUM VIRTUAL DE TEATRO BRASILEIRO
**********************************