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30.6.02

Curso e espetáculo de Mímica Corporal no LUME

Espetáculo de Mímica Corporal de Etienne Decroux: Mirrors
"Mirrors" é o resultado de quatro anos de pesquisa em Mímica Corporal. Em
uma montagem que abrange sequências de movimentos, textos de Lope deVega,
trechos do Livro do Apocalipse e de canções folclóricas brasileiras e
espanholas, é apresentada uma reflexão sobre a realidade das "Marias
Bíblicas", partindo do ponto de vista do imaginário da atriz.
Com um público de trinta pessoas sentadas em semicírculo no limite do espaço
cênico, com o palco vazio e uma iluminação discreta, a atmosfera íntima é
criada, convidando o público a uma viagem a um caminho de emoções secretas.
O espetáculo estreou em quatorze de abril de 2001 no Centro de Artes Cal
Poly, Pomona Downtown Center, Califórnia, e em agosto de 2001 fez parte do
"Catskill Festival for the New Theatre" em Nova York.

Selma Treviño, formada pelo Instituto de Artes Cênicas da Unicamp em 1992
(Campinas – SP), foi Pesquisadora-Assistente de Thomas Leabhart em Mímica
Corporal de Etienne Decroux, em Pomona College, Califórnia, de 1997 a 2001.
Sua formação em mímica corporal incluí igualmente aulas com Ivan Bacciochi e
Robert Bennet em Paris e com Luís Otávio Burnier no Brasil.

Data: 10 e 11 de agosto
Local: Sede do Lume (Barão Geraldo)
Horário: Sábado às 21:00 horas e Domingo às 21:00 horas


CURSO EM MÍMICA CORPORAL DE ETIENNE DECROUX COM SELMA TREVIÑO

A proposta do workshop é fazer uma introdução à técnica de mímica corporal
de Etienne Decroux, aplicada ao treinamento e criação do ator, segundo os
métodos de Thomas Leabhart. Cada sessão inclui aquecimento, aprendizado da
Técnica de Mímica Corporal improvisações e pesquisa do movimento.
O objetivo principal do curso é desenvolver a presença cênica do ator por
intermédio de um trabalho corporal consciente dos princípios básicos da
técnica de Mímica Corporal: mudanças de planos e níveis, oposições, pontos
fixos, equilíbrio precário, imobilidade dinâmica e torções.
O aquecimento consiste em uma sequência de exercícios desenvolvida por
Thomas Leabahrt baseada em Yoga, Técnica de Alexander, Pilates e
Feldenkrais.
A etapa de aprendizado da técnica de Mímica Corporal é voltada somente ao
aprendizado da técnica pura.
A última parte do curso é dedicada a improvisações e à pesquisa do
movimento. Ambas atividades oferecem aos participantes a oportunidade de
experimentar a utilização da técnica no processo criativo cênico.
Ao final, cada participante terá desenvolvido uma pequena cena que será
apresentada para convidados, como resultado do trabalho realizado durante o
workshop.
O workshop é aberto a todas as pessoas interessadas, com idade mínima de 18
anos, participação no máximo de 20 pessoas.

Período: de 12 a 18 de agosto (segunda a domingo) Carga Horária: 28 horas
Vagas: máximo 20 pessoas
Valor: R$150,00
Local: Sede do Lume

Informações e inscrições:
LUME - Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais COCEN - UNICAMP
Tele/Fax: (19) 3289 9869 - E-mail: lume@unicamp.br
Home-Page: www.unicamp.br/lume







HISTÓRIA DA TRAGÉDIA GREGA: UMA ABORDAGEM SOCIAL, POLÍTICA E FILOSÓFICA DO SURGIMENTO E DECADÊNCIA DO TEATRO GREGO

O professor, ator, diretor teatral e agitador cultural VIVALDO FRANCO, vai dar um curso de férias no Estação das Letras, de 29 de julho a 2 de agosto, com aulas de segunda a sexta, das 17 hs. às 19,30 hs. Imperdível para o público em geral, atores, estudantes de teatro, bailarinos, circenses, porque estudar esse período da história da humanidade é mais do que importante, é fundamental. O Vivaldo Franco, é um cara da maior responsa, com um curriculo respeitável na área.

O curso tem por objetivo traçar um amplo e abrangente painel sobre os fenômenos sociais, políticos, filosóficos e religiosos que engendraram e possibilitaram o surgimento da Tragédia Grega - gênero original do Teatro Universal - e as consequências deste fato para a sociedade grega e o mundo ocidental.

Vivaldo Franco é Bacharel em Artes Cênicas formado pela Universidade do Rio de Janeiro (UNI-RIO), com pós-graduação em Teoria da Arte (UERJ) e extensão em Teatro Grego pela University de La Verne, Atenas, Grécia. Estudou Teatro Grego com o Professor Junito Brandão e História do Teatro com a crítica teatral Barbara Heliodora.

ESTAÇÃO DA LETRAS - RUA DO CATETE, 228/318, TEL.: 2285 7224
PERÍODO : DE 29/07 À 02/08 (SEGUNDA À SEXTA) DAS 17:00 ÀS 19:30 HS.
INVESTIMENTO: R$ 120,00

Programa do Curso: PARTE I: INTRODUÇÃO
Esta introdução tem por finalidade contextualizar e informar o aluno sobre algumas das formas de Dramas Ritualísticos que antecederam o surgimento do Teatro Grego de forma que este possa ter elementos de comparação que o ajudem a entender a importância deste gênero completamente original: a Tragédia Grega.
- A IDADE DA MAGIA (NATURALISMO - PERÍODO PALEOLÍTICO)
- ANIMISMO (SIMBOLISMO - PERÍODO NEOLÍTICO)
- ARTE SAGRADA X ARTE PROFANA
- A ÉPOCA HOMÉRICA E A EPÓCA HERÓICA
- O PERÍODO ARCAICO GREGO (SECs. VII e VI a.C.)
- A ARISTOCRACIA E A TIRANIA
- O TEATRO LITÚRGICO GREGO (MISTÉRIOS DE ELÊUSIS)
- O CULTO A DIONISO: OS DITIRAMBOS E OS DRAMAS SATÍRICOS

PARTE II: O SÉCULO V
- O HOMEM TRÁGICO
- A GUERRA CONTRA OS PERSAS
- A DEMOCRACIA ATENIENSE
- APOLO X DIONISO; LOGOS X EROS
- MATRIARCADO X PATRIARCADO; DEUSES NOVOS X DEUSES ANTIGOS
- O GNÓTHI SAUTÓN (CONHECE-TE A TI MESMO)
- ÉSQUILO (ANÁLISE DE A ORESTIA)
- SÓFLOCLES ( ANÁLISE DE ÉDIPO)
- EURÍPEDES (ANÁLISE DE MEDÉIA)
- DEUS EX MACHINE: A "DECADÊNCIA" DA TRAGÉDIA

PARTE III: OS ELEMENTOS DA TRAGÉDIA
- A ORIGEM DOS DEUSES (TEOGONIA)
- O HERÓI TRÁGICO E OS MITOS
- VISÃO TRÁGICA DO MUNDO, CONFLITO TRÁGICO, SITUAÇÃO TRÁGICA
- A CATARSE
- O TEATRO DE DIONISO
- FIGURINOS E CENÁRIOS
- A FUNÇÃO DOS ATORES E A ESTRUTURA DO CORO
- OS GRANDES CONCURSOS DE TRAGÉDIAS
- FOTOS, SLIDES, TRANSPARÊNCIAS E VÍDEOS DAS RUÍNAS GREGAS: TEATROS, TEMPLOS, MONUMENTOS E ESTÁTUAS







Tem Cabaçal chegando na Broadway!!!!!

A Cia. Vatá, de Fortaleza, está viajando para Nova York, na próxima quinta feira, para apresentações no II NEw York Tap City Festival, no Teatro 42th, que vai acontecer na capital americana de 6 a 14 de julho. Esta é a segunda vez que a companhia é convidada para participar. A primeira, foi em 1999, no Teatro La Mama. Além da apresentação do espetáculo, a diretora da Vatá, a VAL PINHEIRO, vai ministrar um workshop de cinco dias, com os ritmos brasileiros. Com a palavra, a diretora e fundadora da Cia. Vatá do Ceará:

-- Dessa vez estarei levando minha Cia. Vatá, récem formada, com sapateadores que estão no mercado comigo há pouco mais de um ano, mas que com a experiência de Bagaceira nosso último trabalho que já teve oportunidade
de circular por alguns dos principais Teatros do Nordeste , além de
uma outra temporada no Teatro Dragão do Mar em Fortaleza, e teatros do sul e centro-sul. Fizemos o que estamos fazendo em studio há alguns
meses: "Teatro de Pesquisa" e tal, que só nos aumenta e muito a
experiência e recursos pra buscar cada vez mais o nosso corpo híbrido,
o que mais me atrai pra continuar pesquisando e estudando em
nossos corpos essa possibilidade, onde o sapateado seja ferramenta e não
ponto final de um trabalho.

Vou ministrar aulas em cima de dois ritmos especiais, e que venho pesquisando
e trabalhando nesses últimos dois anos, o CABAÇAL,ritmo típico do sertão
cearense onde Mestres de Reisado de congo e de careta vêm cada vez mais
divulgando e aproximando da população em geral
e E O MARACATU, nesse último levarei duas levadas, o Maracatu cearense que é feito em baque simples e o Maracatu pernambucano que caracteristicamente é feito em baque virado.

Tenho certeza que os amigos novaiorquinos que vierem a fazer o meu workshop irão adorar o entusiasmo que esses dois ritmos provocam em nosso corpo e alma. É... amigos, acho que de uma forma ou de outra nós brasileiros vamos abrindo portas pro nosso trabalho lá fora em terras estrangeiras e isso, no meu ponto de vista, só nos une ainda mais pra uma conquista de uma política que nos
coloque de vez no mercado cultural brasileiro, é a nossa união que falará
mais alto e nos colocará num patamar que hoje está a Dança Contemporânea
Brasileira por exemplo que cada vez mais diminui fronteiras e aproxima
continentes.

Acredito que é na cultura de nosso País que está a chave de nossas
conquistas, e assim vou estudando cada vez mais essa cartografia de tradições
que me surpreende a toda hora. E viva a tradição cultural brasileira que tem
sempre o novo a oferecer!
.


25.6.02

O ator transparente

Ainda restam algumas vagas para o curso da JULIANA JARDIM atriz e pesquisadora paulista, mestre em interpretação pela USP com a pesquisa O ator transparente, co-autora do livro Prática do ator no Brasil lançado pela Editora Ucitec., atriz de Madrugada, Esperando Godot, Oração, É o fim do mundo, Pericles , entre outros trabalhos. Juliana veio ao Rio para ministrar um curso para atores e estudantes de teatro: o ator transparente.

O curso tem a duração de quatro mêses, com aulas todas as quintas-feiras das 9,30 hs. às 12,30 hs, e consta de treinamento com as máscaras do Bufão e do Palhaço. Os estados das duas máscaras permitem ao ator buscar a sua essência cômica sob variados aspectos -- da parodia, pela via do grotesco, à simplicidade e magnitude da graça ingênua. O curso utiliza técnicas de abordagem de histórias de vida e da escrita total.

Local: UNIRIO - Escola de Teatro, Av Pasteur 436 fundos Sala 201
Horário: às quintas das 9,30hs. às 12,30hs.
Inscrições no local pela manhã às 9,30hs de quinta-feira ou pelo fax 2252-6329 ou
jujardim@uol.com.br (enviar carta de interesse e curriculo resumido)
25 vagas - setenta reais por mês. (Restam pouquíssimas vagas).

PS. -- Esta escriba teve o privilégio de assistir o monologo Madrugada no final de janeiro que ficou em cartaz de 24 a 27 de janeiro no Sergio Porto, dentro do projeto Via Dutra - teatro de São Paulo no Humaitá que trouxe ao Rio quatro trabalhos. Inclusive o do Grupo Lume que eu comentei aqui neste blog.

O trabalho da Juliana Jardim em Madrugada me impressionou profundamente não só pelo seu talento de atriz, mas pela alta qualidade interpretativa. E fiquei o tempo todo pensando em quais técnicas de interpretação e métodos de uso corporal teriam sido utilizados para tal resultado. No final, fui à cata de um programa do espetáculo para fazer um comentário do trabalho aqui no blog. Não tinha programa. E o mínimo que eu conseguí foi saber que o trabalho da atriz era o resultado de uma tese de mestrado. Daí, eu arrefecí o meu ânimo, fiz vários ensaios, mas acabei não fazendo o devido comentário. Um tremendo vacilo.
Um contador de histórias, simplesmente.

SOTIGUI KOUYATÉ surpreendeu, na sua aula-espetáculo, domingo, no Teatro Carlos Gomes, aqueles que esperavam uma aula de Shakespeare, (Barbara lhe adora e não poupa elogios ao Prospero de A Tempestade ) ou sobre o método de Brook, ou ainda da sua brilhante carreira como ator. No cinema trabalhou com Bertolucci, entre outros importantes diretores, tendo sido premiado em Cannes. Ainda diretor (Antigona de Sofocles) cantor, compositor (trilhas sonoras de vários filmes), coreografo,cenografo e dramaturgo. Não bastasse isso tudo, trabalha com Peter Brook há mais de vinte anos, atuando nas suas principais peças e filmes.

Durante quasi duas horas, sentado no palco do Carlos Gomes -- ladeado por duas belas mulheres atuantes na área cultural do Rio: ANGELA PECEGO coordenadora artística da RIOARTE e da bailarina, coregrafa e atriz CARMEN LUZ -- falou simplesmente da tradições africanas, e da importância fundamental da civilização africana para o mundo hoje. "No Brasil, me sinto em casa, eu sou brasileiro, a cultura nos aproxima".

A sua explanação foi entremeada por dois vídeos, um deles sobre alguns trabalhos com Brook, e o outro uma belíssima cerimonia religiosa quando os mortos dos seus antepassados - os griots Kouyaté - são lembrados e reverenciados. É uma cerimonia belíssima com cantos e danças, e a medida que vão sendo mostrados fica evidente as similitudes culturais. No final, contou três três contos de gênio.

SOTIGUI deu uma aula de simplicidade e de sabedoria. Simplesmente isso. E fiquei com duas frases que eu gravei na memória: Cada dia descobrir o melhor de si mesmo no encontro com os outros e a outra, O mais difícil neste mundo é o conhecimento de si mesmo.

22.6.02

Kafka puro -- batalha do ingresso para a aula-espetáculo no Teatro Carlos Gomes

Hoje, assim que acordei às onze e tantas da manhã começa a operação telefonema. E o telefone da bilheteria do Carlos Gomes, 2232-8701 chama, chama e ninguém atende. Tomo o café da manhã, e volto. Nada. Lá pelas tantas depois dos trocentos telefonemas, e o telefone dando sempre ocupado, afinal uma voz avisa que o telefone mudou para 2220-0250. Insisito e não desisto. Depois de outros trocentos telefonemas, e direto aquele barulhinho irritante de
ocupado, e já passando de uma hora da tarde, enfim atendeu um rapaz que informou laconicamente: só a partir das 14hs. tá Senhora? Tá. O que posso fazer? Já estava arrependida de não ter acreditado na informação de ontem, e ter acordado cedo e ido pra lá às 10 hs. da manhã.

Dei um tempo, e fui abrir a mail-box e lá estava um convite da RIOARTE repassado ao Forum de Teatro pelo Mariozinho Telles, dizendo que os ingressos para o Master Class já estavam á venda e o telefone de contato era o fatídico 2232-8701.
Outro e-mail da Super Maria - minha amiga Maria Pompeu, gentilmente, avisando da aula-espetáculo. Ela não lê o meu blog, a danadinha. Se tivesse lido, não perderia o seu precioso tempo, mandando esta informação.

Depois disso volto ao telefone que continuava na mesma -- ocupado. E lá pelas tantas já passavam das 14hs, atende uma voz gravada com a seguinte informação: Este telefone, temporàrtiamente não está recebendo chamadas. Estamos providenciando o reparo. Por favor, tente mais tarde.Caramba. Já conhecia esta informação, é a mesma gravação do sabado passado, quando eu tentava a informação da venda de ingressos na segunda-feira.

Parei a operação telefone e fui me preparar para ir acampar lá em frente à bilheteria até conseguir comprar o meu ingresso. Antes de sair de casa, às 15,30hs. resolvi fazer uma última tentativa. E não é que desta vez atendeu uma voz feminina, ao vivo, e confirmou que estariam á venda hoje até às 18hs. Nem acreditei no que ouví. Nova ligação, desta vez para pegar o nome da bilheteira. Ocupado, ocupado, outra voz feminina confirma as informações. Agradeço e mando a clássica pergunta: Com quem eu falei ? -- Com Nina.

Em menos de meia hora, eu estava estacionando em frente ao Carlos Gomes e antes de eu descer do carro, um simpático senhor de cabelos grisalhos se aproxima e pergunta discretamente : tem algum ingresso sobrando?. Arrisquei perguntar se ele sabia se ainda teria ingressos para a aula-espetáculo, e um para hoje á noite, porque eu queria assistir novamente o espetáculo. Ele nem respondeu, foi se afastando e um outro se aproximou, e começou a me mandar estacionar, e daí veio outro grandalhão nervoso, estaciona ali, estaciona ali na frente do outro. Um clima pesado e estranho.

Enfim, a batalha estava chegando ao seu final. Consegui comprar os ingresssos. E ao me retirar perguntei à bilheteira, se ela era a Nina. Não era. E adivinhem quem estava ali ao vivo na minha frente : Dona Fátima. Relatei a ela os acontecimentos todos, e ela falou simplesmente que isto se devia a pessoas que não eram da bilheteria, não saberem informar. Mencionei o rapaz de ontem, o Leonardo, que foi confirmar com ela e voltou com a informação fornecida por ela mesma. Daí ela disse que ele era o guarda de lá. Portanto, na categoria dos que não sabem informar.

Foi uma conversa muito aflitiva, porque ela falava muito baixo e eu não ouvia direito o que ela respondia, e a todo o momento eu tentava enfiar a cara ou encostar o ouvido naquele buraco redondo da bilheteria para ouvir melhor. Dona Fátima foi educada, mas as suas explicações foram muito evasivas. Desistí de entender. Mesmo porque já tinham três pessoas atrás de mim, e um rapaz aflitíssimo, querendo ingresso pra hoje. Agradecí e saí portando o precioso troféu: os dois ingressos para amanhã às 11hs. na Master Class do Sotigui Kouyaté.

150 reais, o preço do ingresso para assistir o último dia do Hamlet de Peter
Brook


Eu disse cento e cincoenta reais, o preço que está sendo cobrado pelos cambistas, hoje. E eles estão com pouquíssimos ingressos á venda, por isso estão a postos lá na frente do Carlos Gomes desde cedo. Bem que eu estranhei a pergunta daquele senhor. O normal seria ele oferecer o ingresso e não o contrário. Que os deuses do teatro tenham compaixão dos pobres mortais que não conseguiram comprar o seu ingresso ao prêço normal de 15 reais.
Aula-espetáculo de SOTIGUI KOUYATÉ, do elenco do Hamlet de Peter Brook.

Começou outra batalha por ingresso no Teatro Carlos Gomes. Desta vez para a aula-espetáculo, no domingo, às 11hs, de Sotigui Kouyaté -- o ator que faz o Polonio e o segundo coveiro e que trabalha há mais de vinte anos com Peter Brook. Sotigui, natural de Mali na Africa Ocidental, além de ator, autor,compositor,cantor e dramaturgo -- Barbara lhe adora, foi lembrado com destaque ontem na crítica de Hamlet, o magistral Próspero na Tempestade de Brook em Paris -- é também contador de histórias e pertence a uma tradicional familia de Griots.

Ele já deu uma oficina de quatro dias que acabou hoje. Eu fiquei numa fila de espera para essa oficina, mas não rolou. Hoje, ficamos sabendo pela reportagem de O GLOBO, que haveria essa aula-espetáculo no domingo. Uma amiga telefonou para o Carlos Gomes e disseram que os ingressos a dez reais, estariam á venda na bilheteria no mesmo dia do evento, domingo, a partir das 10hs. Ela me telefonou, sabendo da minha vocação para enfrentar filas, pedindo que comprasse para ela, o seu ingresso.

Ressabiada, telefonei para confirmar, e disseram que era amanhã, sábado, a partir das dez horas, a venda para domingo. Mencionei a informação que fora dada à minha amiga, e o rapaz que me atendeu, solícito foi confirmar e volta dizendo que a bilheteira Dona Fátima (assim mesmo, Dona Fatima, ele falou) confirmara a informação de sábado a partir das 10hs., dizendo que estariam á venda também no domingo, a partir das 10 hs. Algumas horas depois, telefonei para confirmar quantos ingressos seriam vendidos por pessoa. Atenderam da recepção (a bilheteria já estava fechada), e o rapaz muito educado e atencioso que se identificou como Juanildo informa que a bilheteria, amanhã, (sábado) abria às 14 hs. Repeti para ele as informações anteriores, e ele falou que até ontem não tinha conhecimento do evento de domingo, e não sabia informar desse horário extra da bilheteria. Sugeriu que eu telefonasse manhã a partir de nove horas, quando os funcionários da bilheteria já estariam a postos, e deveriam saber informar. Voilà.

"Historinha" do Hamlet contada por Peter Brook

Meninos, eu vi. Eu vi ontem, na estréia, o Hamlet de Shakespeare contado por Peter Brook. Foi lindo e emocionante. Um presente raro. O espetáculo é de uma simplicidade de criança brincando de fazer teatro, mas com o requinte e a competência da direção de um dos maiores ícones do teatro moderno. Ele mostra como Shakespeare é fácil e divertido, e não é nenhuma novidade que ele possa tirar boas gargalhadas da platéia. No final, os atores voltaram à cena várias vezes para agradecer os aplausos do público que superlotou o Teatro Carlos Gomes.

William Nadylam, o ator que faz o Hamlet é simplesmente inesquecível. Após o espetáculo houve um concorrido coquetel para convidados, no mezanino do Carlos Gomes, quando eu tive a honra de conversar e trocar idéias com Nadylam. Fui eleita a interprete oficial da gALLera para os cumprimentos, beijos, abraços, e todos os afagos ao William Nadylam. Saí de lá mais duas e meia da madruga, e a festa continuava no auge.
Bouffonneries à cause d' Hamlet do Peter Brook - ou 5 hs. na fila do Tetro Carlos Gomes

I. Saí de casa antes do meio dia, mas peguei um transito brabo do final do jôgo. Entrei na rua do Carlos Gomes, e já tinha uma fila respeitável. Estacionei o Abelardo ali mesmo, e fui pra fila às 12,40hs. E nisso, atrás estacionam vários outros. De repente, sumiram os carros, e só dava o Abelardo estacionado e um caminhão descarregando material lá na frente. E nisso vêm passando alguns PMS apressados, e eu naquela saí da fila e tratei de ir tirar o carro dali, e com o apoio da galera da fila em coro:" Vai, vai estacionar que guardamos o lugar". Saí batida, faltavam vinte minutos para abrir a bilheteria. Rápida pesquisa nas cercanias e descobri por pura sorte uma garagem que não precisava deixar a chave do carro.


II. Às 13,30 hs., antes de abrir a bilheteria, um simpático e educado jovem percorria a fila fazendo anotações. Pensei que fosse um jornalista, mas quando chegou perto soube que ele estava anotando os nomes das pessoas, e a ordem numérica da fila. Fui o número 68. Como seriam vendidos dois ingressos por pessoa, e corria o boato que tinha só uns duzentos, o meu estava garantido. Logo depois disso, vêm mais cinco ou seis PMS novamente correndo em direção aos lados do BNH, e comenta-se na fila que estava havendo uma confusão ali perto na Petrobras por causa da greve dos funcionários.


III. Mais ou menos às 14,30 hs. abriu a bilheteria, e a fila começou a andar. Nesse momento, entrou em cena um guarda da PM que interrompeu a fila, e abriu uma clareira em frente à calçada da Relojoaria Tupy. Eu fiquei na ponta da fila em frente a uma papelaria, parada até a ordem do PM que liberava de três em três para a outra ponta da fila. E, de repente, eu ví sair de dentro da Relojoaria Tupy uma senhora de cabelos brancos, muito elegante na sua blusa de renda branca e saia preta longa, carregando uma cadeira para sentar na calçada com toda a pompa e circunstância, e ficar observando como uma rainha sentada no seu trono, o movimento da fila. O pessoal lá do final da fila, vendo aquela movimentação, achou que tinham acabado os ingressos. Aí o PM explicava que estava atendendo o pedido da dona da Relojoaria Tupy para a fila não parar em frente à loja, atrapalhando os clientes. Quando ele chegou perto lí a sua identificação: VIEIRA. Um personagem importantíssimo no desenrolar das cenas seguintes: o Guarda Vieira.


IV. A fila parou de andar, passando alguns minutos das 15 hs. e a galera começou a se impacientar. Uma atriz atrás de mim, diz para o Guarda Vieira que passava naquele momento: " Olha aí Seu Guarda, daqui a pouco esse povo vai ficar agressivo". Ao que ele responde provocador: "A Polícia também pode ficar agressiva". Foi a deixa para esta escriba retrucar: "O papel da Polícia é o de conter a agressividade e não ser agressiva". Dei esse texto, olhando dentro do ôlho dele, que me olhou fundo, não falou nada, mas a sua expressão corporal deu o texto: "Mandei mal, não?". A atriz, esperta, sugere a ele procurar alguém da produção para vir dar uma satisfação para o povo. Ele concordou prontamente, e somem os dois. Volta a atriz dizendo que dali a pouco viria alguém da produção dar explicações.


V. Às 15,30hs mais ou menos entra em cena, no alto das escadarias da porta principal, acompanhado do Guarda Vieira, agora portando uns óculos pretos estilo punk, alguém que se apresentou "Sou da produção do espetáculo", ( leia-se o diretor teatral Luiz Fernando Lobo ) e pede um pouco de paciência que o atraso se devia a mais de duzentos ingressos que estão vindo on-line, da RIOARTE. A pergunta estava no ar: como a RIOARTE anuncia pela imprensa, e na segunda-feira ainda não estão disponíveis todos os ingressos na bilheteria. Um distinto senhor de cabelos brancos, atrás de nós, comentava: É normal isso, hoje é tudo via Internet. Nessa hora, eu avistei lá em cima nas escadarias, o cambista que me vendeu o ingresso na quinta-feira passada. Após as explicações da "produção do espetáculo", ele desce as escadas e vem conversar com mais cinco sorridentes colegas cuja expressão corporal dos pés à cabeça mostrava uma alegria e felicidade inusitadas, constrastando com a nossa, numa fila há quasi quatro horas, e aquelas alturas, cansados, caidos e angustiados .


VI. Quasi às 16 hs. a fila começa a andar. Gritos de alegria e aplausos, mas durou pouco essa euforia, dali há uns 15 minutos, a fila parou. Tinham acabado os ingressos, diziam alguns que no número 29, outros, que no número 45. Desta vez eu ja estava em frente ao T. C. Gomes. A estas alturas, a galera estava mais do que impaciente. E o pessoal que estava na fila lá atrás começa a vir pra frente do teatro, foi quando veio um pessoal lá da Angel e uma menina começa a fazer uns movimentos estranhos com o corpo, e a leitura corporal foi ficando clara: ela expressava com o corpo o seu descontentamento. E pela segunda vez, passeia pela fila uma simpática senhora dizendo baixinho: se não quiser ficar na fila eu tenho ingressos prá vender.


VII. Mais ou menos 16,30 hs, volta à cena o Guarda Vieira, acompanhado da "produção do espetáculo" que desta vez dava outra versão para os fatos: está havendo um problema técnico, e só quem pode resolver é um ator de Peter Brook que está chegando de São Paulo para liberar uma parte da platéia -- as três primeiras filas para vendermos ao público. Mandou mal. A galera começa a cobrar a informação anterior sobre os duzentos ingressos que estariam chegando on-line e os ânimos se exaltaram. E o Guarda Vieira, levanta os braços e faz gestos pedindo calma. Aquele distinto senhor agora mudando de idéia, diz: É tudo 171. A partir daí, as filas praticamente inexistiam, e muitos debandavam. Outros cansados, com fome, sentados nas escadarias, (nunca comi com tanto gôsto aqueles biscoitos de polvilho Globo) acompanhado de uma Coca-Cola que uma amiga trouxe do bar em frente, onde uma menina faminta, ousou comer um pastel.


VIII - Às 17hs. o caos era completo,e o pessoal das filas de trás vinha pra frente, eesta vez ,furando a fila, e corriam boatos os mais inusitados, desde que os ingressos tinham acabado até outros bem malucos. Alguém gritava nas escadarias em frente à bilheteria (as duas bilheteiras estavam sumidas): Chamem o Vieira para ligar para RIOARTE. Cadê o Vieira?. A estas alturas até o Guarda Vieira também tinha sumido. Alguém sugeriu ligar para a imprensa e eu consegui com um amigo, o telefone da Geral de OGlobo, e uma atriz amiga nossa foi ligar, mas não conseguiu, estava sempre ocupado. E nessa hora, eu agradecia aos deuses do teatro pelo ingresso comprado com o cambista. E teve até um amigo meu querendo saber se eu tinha o telefone desse cambista, porque ele não estava aguentando mais ficar na fila.


IX - Passando uns dez minutos das 17 hs. aparece novamente nas escadarias , "a produção do espetáculo", e desta vez o Guarda Vieira estava ausente da cena. E a explição era nestes termos Não é culpa da RIOARTE, não é culpa do Teatro Carlos Gomes. A culpa é da produção do Peter Brook. Estamos entrando em contato com eles para liberar a venda de ingressos para o ensaio geral da quarta-feira.Como das outras vezes, ele não sabia responder quando perguntado, a que horas voltariam a venda dos ingressos. Foi interrompido nas suas explicações, por alguém que gritou um sonoro palavrão, e outros começaram a gritar, pedindo uma senha para voltarmos no outro dia. A solução mais sensata, e mais uma vez "a produção do espetáculo" faz ouvidos de mercador. Vaias seguidas de outros palavrões, ao que a "produção do espetáculo" revida ameaçando fechar o teatro. Para quê? Se ele não sai de cena rápido, a sua integridade física correria altos perigos. Nesse momento, entraram em cena seis PMs nada amistosos, e ficaram ali no saguão, á espreita. E o Guarda Vieira? Era a pergunta que estava no ar. A estas alturas, em movimento contínuo passava pela frente do Carlos Gomes, aqueles que cansados e desesperançados desistiram da empreitada.


X - Às 17,20hs. as bilheteiras já podiam ser vistas na bilheteria, e a galera que estava deitada ou sentada nas escadarias corre para os seus respectivos lugares na fila, e recomeçam a venda dos ingressos. Uma ligeira confusão, logo desfeita porque os ingressos eram vendidos pela ordem numérica e pelo nome com a apresentação da carteira de identidade. E às 17,35 hs eu estava na posse dos meus dois ingressos.


PS. - Soube hoje (terça-feira) na aula da Angel que os cambistas estavam oferecendo ingressos a sessenta reais, no barato, quando acabaram as vendas na bilheteria, e ameaçando cobrar cem reais na estréia, e que houve um tumulto as sete horas da noite. O povo que não conseguiu comprar ingresso, queria derrubar as portas do Carlos Gomes, e que a PM conseguiu controlar a situação.




20.6.02

WILLIAM SHAKESPEARE, Barbara lhe adora. PETER BROOK, Barbara não lhe adora.


Um Shakespeare com assinatura Peter Brook
Barbara Heliodora

Se em “Romeu e Julieta” se faz a pergunta “o que há em um nome?”, o espetáculo que o grupo do CICT Théâtre des Bouffes du Nord, sediado em Paris, apresenta em rápida temporada no Rio — de hoje a sábado, no Teatro Carlos Gomes, com ingressos já esgotados — deixa bem claro que pode haver muita coisa implícita em uma simples mudança de nome: William Shakespeare escreveu “A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca”; o que nos visita agora é “A tragédia de Hamlet”, uma adaptação de Peter Brook, provavelmente o nome de maior prestígio internacional no campo da direção, que trabalhou com o texto traduzido para o francês por Jean-Claude Carrière e Marie-Hélene Estienne (também assistente e colaboradora na direção). Cada vez mais adepto do despojamento cênico, o Brook adaptador aparentemente quis levar seu trabalho nessa área aos mesmos extremos mas, ao mexer com o texto, acabou perdendo de vista a considerável diferença existente entre despojar e simplesmente empobrecer.

Adaptação concentra ação no personagem principal

É possível que nada faça tanto Shakespeare destacar-se de seus contemporâneos quanto o fato de ele criar suas ações e seus personagens firmemente plantados em um universo sociopolítico sólido, com o qual interagem os personagens e pelo qual são influenciadas as ações; a “adaptação” de Brook consta justamente em cortar todas as informações e todos os aspectos que formam o universo específico da tragédia original de Shakespeare, deixando o que resta (a estrita história da vingança) boiando no espaço, em uma espécie de simplificação da linha de “Reader's Digest” (com a ressalva de que esta última evitaria as inversões de ordem que o espetáculo contém). A encenação desse novo e redutivo texto é realizada em tom que dá a nítida impressão de ter sido pensada para mostrar como Shakespeare é fácil e divertido, em algum projeto de teatro nas escolas: tudo é feito no sentido de a peça inteira ficar concentrada apenas no personagem principal, sem a complexidade e a abrangência da obra do poeta.

O espetáculo começa com o primeiro monólogo de Hamlet. Este fica um tanto difícil de ser apreciado por quem não tiver suficiente intimidade com a peça para se lembrar de todas as informações básicas dadas no total da primeira cena e na metade da segunda, que foram cortadas. A terceira cena (na casa de Polônio) também é cortada, como o início da quarta (os personagens menores já haviam sido eliminados), e logo depois... Não vale a pena continuar a detalhar os cortes; o que podemos chamar de “a historinha” de Hamlet continua a se desenrolar sem noção de passagem de tempo e sem maior atenção ao desenrolar do processo em que está envolvido o personagem principal: o famoso “ser ou não ser” é arbitrariamente jogado para o momento em que Hamlet já está em outro patamar de pensamento e deve ir para a Inglaterra, sendo — não dá para saber por quê — concluído com os versos finais do último monólogo.

Peça termina com fala da primeira cena

É claro que onde não há Dinamarca não há preocupação de Hamlet com o governo de seu país, não há Fortimbras e nem o voto que Hamlet lhe dá ao morrer. A cena final apresenta uma constrangedora solução para as várias mortes: como o diretor quer deixar Hamlet sozinho em cena, a Rainha, o Rei e Laertes são ridiculamente ajudados a sair de cena, quando mortos, andando de costas até a coxia. Acabar a peça com “Boa noite, doce príncipe etc” é corrente, principalmente em versões românticas que querem apenas glorificar o protagonista; mas Brook acrescentou um dos detalhes mais gratuitos que se possa imaginar: Horacio deixa Hamlet morto, avança e dirige-se à platéia para dizer: “Mas vejam, a manhã vestida de vermelho pisa do orvalho daquela colina a leste”, do final da primeira cena da peça. Com muita imaginação e boa vontade, talvez seja possível que esse momento final seja incluído como a promessa de um novo dia, mas como não há referência ao futuro, não se encontra no que acontece efetivamente no palco qualquer razão para isso.

Qualquer coisa que se diga a respeito de “A tragédia de Hamlet”, portanto, não é bem sobre a peça de Shakespeare. Para o espetáculo, a proposta de Brook de que para fazer qualquer dos grandes papéis de Shakespeare é preciso esquecer a assinatura e ler o texto como se fosse uma peça nova é válida e realmente fundamental; mas nesta “Tragédia de Hamlet”, a idéia foi levada a um exagero infeliz — ainda para mostrar o quanto o bardo é bom moço, fácil e simpático, a grande novidade fica sendo o número de ocasiões em que tudo é feito de modo a tirar boas gargalhadas da platéia: até uma boa metade do espetáculo, o tom da comédia é o dominante e para isso se esforçam o reduzido elenco e principalmente o protagonista.

Entre a idéia de encarar o texto como novo e fazer o ator em grande parte responsável por sua interpretação, a direção de Peter Brook opta por uma leitura simples mas sempre voltada para um tom de quem quer explicar tudo para a platéia, talvez por julgá-la incapaz de apreciar o que vê.

Encenação, visualmente, é um prazer

Visualmente, “A tragédia de Hamlet” é um prazer: um grande tapete, algumas almofadas, alguns tapetes menores e figurinos simples, tudo com cores e tecidos da Índia. A atraente música é criada e executada por Antonin Stahly, que também faz o papel de Horácio. O elenco é de oito atores, que fazem dois ou três papéis cada. O protagonista é o ótimo William Nadylam, que, dentro de todas as restrições que têm de ser feitas ao conceito da direção, executa muito bem o que lhe é pedido. Igualmente bom é Emile Abossolo-Mbo, que faz tanto o Fantasma quanto o Rei, e muito bom também é Bruce Meyers, que faz Rosencranz, o primeiro ator e o primeiro coveiro. Sotigui Koyaté, que há alguns anos fez um magistral Próspero na “Tempestade” de Brook em Paris, está muito sacrificado com uma linha ridícula para Polônio (e um pouco melhor em um caricato segundo coveiro). O Horácio de Stahly é simpático e discreto, mas o resto do elenco é mais fraco: Lilo Baur (a Rainha) e Véronique Sacri (Ofélia) são bastante inexpressivas e Rachid Djaïdani é simplesmente muito ruim como Guildenstern e, principalmente, como o segundo ator e Laertes.

Mexer com texto de Shakespeare, conclui-se, é muito difícil até mesmo para um Peter Brook; é uma pena que a visita não seja feita com algum de seus outros e mais bem-sucedidos trabalhos, como a sua fascinante montagem de “A tempestade”. É claro que quando se faz restrições a um espetáculo como esse, elas são feitas a partir de um patamar já muito alto em si.

Jornal O GLOBO - 20 de junho de 2002. Íntegra da crítica de Barbara Heliodora.






15.6.02

O ARTIMANHAS, o outro blog desta escriba ta na midia de novo. Desta vez saiu aqui na coluna do Gravata, no Caderno de Informatica de O Globo.
CAÍ NO BOATO DE CAMBISTA!...

A maior surprêsa ao ler hoje em O Globo a matéria da Roberta Oliveira sobre o Hamlet de Peter Brook que no final, informava: "Para quem ainda não comprou as entradas que restam serão vendidas na bilheteria do Carlos Gomes na segunda-feira."

Telefonei para lá e a bilheteira confirmou que ainda havia ingressos disponíveis para os três dias, e seriam vendidos segunda-feira, na bilheteria do T.C.Gomes, das 14hs. as 18hs. E pediu que chegasse antes da bilheteria abrir. Mencionei que eu havia comprado ingresso de um cambista na quinta feira, a uma e meia da tarde, e ela disse que eles (os cambistas) se encarregam de espalhar que os ingressos estão esgotados.

Fiquei sabendo também que só venderam de segunda até quarta-feira para não tumultuar a bilheteria nos outros dias. E outra, a fila "E" do balcão é a última fileira, e pediu para eu mandar por fax o meu bilhete para verificar se não seria falsificado. Só me faltava essa. Segunda-feira, eu só vou trabalhar á tarde, então vou aproveitar e encarar a fila do Carlos Gomes para comprar para a estréia, quinta-feira, no dia 20. Não vou assistir da última fileira do balcão e no último dia. E vou tentar passar adiante este ingresso.

Peter Brook transforma HAMLET em tragicomédia

São Paulo (Reuters) - O teatrólogo inglês Peter Brook buscou ir além do drama "ser ou não ser" em sua nova montagem que estréia nesta quinta-feira em São Paulo, transformando "A Tragédia de Hamlet", um clássico de William Shakespeare, numa tragicomédia contemporânea.

Brook, tido como uma lenda viva do teatro moderno, revela o príncipe da Dinamarca como um jovem negro de dreadlocks, cuja aflição mais pungente vai além da obsessão de vingar a morte do pai. Nesta montagem, a verdadeira tragédia são os percalços que atrapalham os planos de Hamlet de chegar a seu objetivo.

Para obter esse efeito com uma estética moderna, ele conta apenas com oito atores, um tapete vermelho, algumas almofadas coloridas e uma trilha sonora feita ao vivo com alguns instrumentos, como cítara e bongô.

Essa não é a primeira incursão inventiva do diretor de 77 anos no repertório shakesperiano. O reconhecimento mundial para seu trabalho veio em 1962 justamente com "Rei Lear", através do qual se destacou por sua ênfase na movimentação física dos atores.

Vivendo em Paris desde anos 1970, onde comanda o Théâtre des Bouffes du Nord e o Centro Internacional de Criações Teatrais, ele é considerado um dos principais representantes do teatro austero, que se contrapõe ao teatro espetáculo -- voltado ao mercado e às cifras de bilheteria, como as montagens da Broadway.

Na nova versão da história de Hamlet, que chega ao Brasil encenada em francês, Brook cortou mais de 40 por cento da obra original, reduzindo-a a duas horas e meia, que passam quase despercebidas graças aos diálogos regados de humor traduzidos para o português em legendas exibidas no alto do palco.

O protagonista da peça, o negro William Nadylan, busca não apenas chocar o espectador ao surgir como um príncipe nórdico, mas também dar sua contribuição pessoal ao texto enquanto interpreta.

Nadylan é capaz de reverenciar o fantasma do pai como um verdadeiro membro da realeza, ou pular sobre a tumba de Ofélia transbordando de ira, e até se fingir de louco, mas em grande parte da peça movimenta-se mais com a informalidade de um jovem de subúrbio de qualquer grande cidade.

"Esse ator é excelente", elogiou o ator Paulo Autran à Reuters depois de assistir o ensaio aberto para convidados na tarde de quarta-feira, em São Paulo. "Não sou crítico, mas saí encantado com a peça".

"A Tragédia de Hamlet" excursionou por diversos países em 2001, sendo encenada principalmente em inglês, e foi considerada pela crítica especializada como um marco entre as inúmeras reinvenções dos textos de Shakespeare.

O espetáculo estréia no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, com ingressos esgotados. Depois viaja ao Rio de Janeiro, onde será exibido no TeatroCarlos Gomes de 20 a 22 de junho.

(Por Thiane Loureiro)

PS. Este post é uma contribuição do antenado ator Paulo Duek.

14.6.02

Ballet da Opera de Paris no Teatro Municipal do Rio e Sao Paulo e em BrasiliaDebora Biggio conta aqui.
O Hamlet negro de Peter Brook

O espetáculo estreiou dia 7 de maio, em Zurique, passou pela Alemanha e Itália e está chegando para apresentações em São Paulo, nesta semana, e aqui no Rio, no Teatro Carlos Gomes, de quinta a sábado da próxima semana, com ingressos esgotados desde ontem.
Aqui no Estadão, Sérgio Roveri entrevista Nadylam, o ator que vive o Hamlet nesta montagem.
Hamlet, de Peter Brook estréia na próxima semana com ingressos esgotados

É isso mesmo. Agora só na mão de cambistas. E pela primeira vez na minha vida eu compro um ingresso para um espetáculo teatral na mão de cambista. Os ingressos para os três dias foram postos á venda na terça, e ontem á tarde já estavam esgotados. Até a semana que vem quando sairem as reportagens dos jornais e TVs estarão valendo quatro ou cinco vezes mais.

Saiu uma notinha em O Globo, e o boca-a-boca se espalhou entre os mais antenados. Soube hoje lá na UNIRIO que já tinham se esgotado, ontem. Corrí de lá para o Teatro Carlos Gomes e comprei -- com muita sorte -- pelo dobro do prêço, e na quinta fila do balcão, para o último dia, sábado, dia 22, um dos poucos ingressos que restavam na mão do cambista.

Ah, vai rolar também uma oficina para atores, de quarta a sabado de 9 às 12 hs. com um dos principais atores do Peter Brook, a cento e quarenta reais, e que também já está esgotada. Esta não saiu no jornal, só foram avisados os amigos dos organizadores. Eu e mais uns vinte estamos na fila de desistência. Se eu conseguir este milagre, vou faltar pela primeira vez, o meu trabalho.

11.6.02

Um espetáculo cincoentão

Um Teatro Municipal lotado, ontem á tarde, para assistir Arlecchino servitore di due patroni de Goldoni, dirigido pelo Giorgio Strehler, fundador do Piccolo Teatro di Milano, na montagem original que vem sendo representada há cincoenta anos.

Eu demorei um pouco para me situar nesta montagem. É muito estranho para a gente ver um espetáculo criado há cincoenta anos atrás. Estranhei dos figurinos (todos em tom pastel, com direito a muitos brilhos de lantejoulas nas roupas dos nobres) à direção. Para completar, o público era qualquer nota -- aplaudia e ria nos momentos mais inesperados. Superados os estranhamentos todos, embarquei na proposta e as três horas de espetáculo passaram rapidamente.

Os atores desta montagem são um espetáculo á parte. Dão uma aula de teatro. Ótimos, com pleno domínio do seu personagem, uso corporal compentente (eles são circenses também, aliás, as origens do circo ficam evidentes no espetáculo), e além disso, cantam muito bem. E o maravilhoso, o sensacional, o supreendamental Ferruccio Soleri quando tirou no final, a máscara do Arlequim, mostrando os seus cabelos brancos nos seus gloriosos sessenta e tantos anos, o público delirou.

Que passes de mágica conservam esse distinto senhor na melhor performance de um jovem atleta -- dá saltos, cambalhotas, faz parada de mão (apoiar as mãos no chão e levantar os pés para cima, sustentando a posição) e outras manhas e artes na pele do Arlequim, durante três horas de espetáculo? Mistérios da arte e da vida. Ah, não poderia deixar de falar aqui da marcação do agradecimento no final. Um dos mais belos agradecimentos que eu tive a oportunidade de ver no teatro.

Atenção povo de Sampa ! Dias 13 e 14 nesta quinta e sexta, o espetáculo vai estar em cartaz no TEATRO ALFA.

1.6.02

Balanço do Festival Internacional de Londrina

Reportagem de Beth Néspoli - Agencia Estado - 27/05/02.

Atriz espanhola é destaque em Londrina
Solo de Marta Carrasco, também coreógrafa, sobressaiu no festival de teatro marcado pela diversidade de linguagens

Londrina - A diversidade cultural foi a marca da 35.ª edição do Festival Internacional de Londrina (Filo), que terminou no fim de semana. Na programação, desde a mais avançada pesquisa de linguagem, como no caso dos três espetáculos trazidos pela atriz e coreógrafa espanhola Marta Carrasco, até a expressão mais visceral e contundente de um grupo de detentas do 2.º Distrito Policial de Londrina. Ao longo de 30 dias, foram mais de 104 apresentações de espetáculos do Brasil e de outros 11 países da América e da Europa.

Uma digital e um olho humano foram os signos escolhidos para o cartaz do Filo 2002. Sabe-se que hoje a íris serve para identificar um homem tanto quanto sua digital. O conceito do olhar do artista sobre o mundo como símbolo de identidade cultural orientou a programação do festival, perpassou palestras e outras manifestações, como exposições de fotos feitas por garotos da periferia, e, como desejado, acabou por interferir no olhar do espectador. Desde sua 30.ª edição, o Filo ambiciona tornar-se mais que mera mostra de espetáculos avaliados por critérios x ou y de evolução de linguagem cênica. Ambiciona ser painel de expressões de diferentes culturas - cultura entendida no sentido mais amplo, como escala de valores, modos de vestir, padrões de comportamento e pensamento - e também estímulo a expressão culltural de grupos comumente sem acesso a esse tipo de manifestação.

Dentro do contexto do festival, a cena final do espetáculo das presidiárias (uma mulher alta e bonita que, com gestos lentos e teatrais, acaricia sua barriga de grávida, ao som da canção francesa Ne me Quitte Pas) transforma-se num imagem tão expressiva quanto a mais requintada criação da espanhola Marta Carrasco, um dos destaques da programação internacional.

"Não gosto do rótulo teatro-dança, mas mesmo na Europa as pessoas têm dificuldade para enquadrar esteticamente o tipo de arte que faço", comentou Marta Carrasco em entrevista coletiva em Londrina, após apresentação de Aiguardent, um dos três espetáculos apresentados no festival. Aiguardentconquista pela intensidade já no primeiro movimento, no qual Marta literalmente dança com uma cadeira e uma mesa que têm rodinhas nos pés. Sobre a mesa, um copo e uma tentadora garrafa de aguardente, à qual ela tenta resistir. Ainda em cena, um baú, um colchão de casal na posição vertical, várias garrafas de aguardente e um vestido de noiva pendurado num cabide. "Esse solo, à primeira vista, parece ser sobre uma alcoólatra. Mas na verdade é sobre a solidão. Um mulher solitária tem de aferrar-se a alguma coisa. Ela aferra-se à bebida."

Várias facetas dessa mulher são exploradas em diferentes momentos do espetáculo. A inocência da menina, o despertar da sexualidade na adolescência e o domínio pleno da sedução já na maturidade. Que aparecem não necessariamente nessa ordem. Cada mudança de roupa é feita diante de um espelho imaginário, cuja moldura está de frente para a platéia, que pode assim acompanhar a transformação da personagem a partir do figurino. Num dado momento, Marta veste uma roupa que permite que ela "literalmente" suba pelas paredes, "grudando" no colchão colocado na vertical, onde faz uma "coreografia" da insônia. No momento seguinte, ela se embebada com dezenas de garrafas de aguardente. Valorizado por uma iluminação belíssima, o líquido retido na mesa permite ainda uma deslumbrante "coreografia de desespero".

Ressalte-se que nenhum efeito em Aiguardent é gratuito. Nenhum objeto de cena apenas decorativo. Marta consegue deixar o público siderado com a intensidade de emoções que traz à cena. O único elemento cênico não utilizado é justamente o vestido de noiva. Ali, pendurado no palco, torna-se um signo pleno de significados, a presença de uma ou muitas ausências.

Cuba - Se comparado de forma fria aos espetáculos de Marta, a concepção do diretor cubano Pepe Santos para Severa Vigilância (texto de Jean Genet que flagra três homens e um jogo de sedução e poder dentro de uma cela de presídio), a interpretação dos atores - seja na caracterização do homossexual ou do xerife da cela - fica quase ingênua. No entanto, no Filo a arte é vista como manifestação de uma cultura, o que aguça e amplia a percepção do espectador. Isso permite perceber que há em Severa Vigilância uma grande ousadia na forma como os atores se tocam em cena, na abordagem corajosa de um tema que ainda representa forte tabu na machista sociedade cubana. Sem contar que levar Jean Genet ao palco tem um significado em Cuba todo especial. Atualmente os teatros estão lotados em Cuba. E o público interessa-se especialmente por peças como As Três Irmãs, de Chekhov, ou Entre Quatro Paredes, de Sartre, assim como todas as que, metaforicamente ou não, abordam o tema da prisão e do desejo de transformação, argumentou o diretor.

Um clima de absurdo (relações aparentemente cotidianas vistas sob ângulos bizarros e comportamentos que repentinamente escapam do "controle da normalidade") tornou-se a marca, o elo comum entre três diferentes espetáculos trazidos pelos argentinos. Embora tenham sido escritos pouco antes do acirramento da crise no País, refletem o olhar dos portenhos sobre seu país. Na comédia La Escala Humana, uma mãe de família assassina uma vizinha na feira, por um motivo banal. Ninguém a denuncia, seus filhos enterram o corpo no jardim, mas começam a ter muito trabalho, porque ela torna-se uma serial killer. O espetáculo foi escrito e dirigido a seis mãos por jovens artistas argentinos - Javier Dualte, Rafael Spregelburd e Alejandro Tantanian. "Atualmente seria até patético tentar levar a política ao palco de forma direta. A realidade muda a cada dia."

Sobre uma estranha família que vive num banheiro, basicamente dentro de uma banheira, gira o tema da peça 1.500 Metros sobre El Nivel de Jack, do autor e diretor Federico Léon. E estranhas fantasias eróticas arrancaram gargalhadas em Hermosura, uma espécie de show de variedades portenho criado pela companhia El Descueve.

A sofisticação técnica e a beleza das imagens chamaram atenção no espetáculo Mémoire Vive, do grupo canadense Les Deux Mondes. Uma menina morta resgata sua infância antes de fazer "a passagem" para o outro mundo. Nessa espécie de Valsa n.º 6 canadense, sobressai o requinte técnico. Câmeras que entram no palco acopladas a brinquedos da infância, como um trenzinho cujos vagões são feitos de miniaturas de eletrodomésticos, teatro de sombras, várias técnicas mesclam-se na criação de imagens que deslubram o olhar a cada novo movimento. No texto, delicado e poético, uma morta alerta-nos sobre o valor da vida. Guerras, chacinas na periferia, fome, seca - certamente nenhum desses problemas afeta a sociedade canadense. Mas são preocupantes as estatísticas de suicídio. Um grupo talentoso na utilização dos recursos técnicos hoje disponíveis, que concentra sua arte na criação de belas imagens para falar sobre a importância de estar vivo.

"Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz. Eu sei que a vida podia ser bem melhor e será. Mas isso não impede que eu repita, é bonita, é bonita e é bonita", cantou Beth Carvalho no palco do Cabaré, o espaço cenográfico que abrigou os shows musicais que na última semana encerravam, a cada noite, a programação do Filo. Outro jeito de dizer o mesmo que a trupe canadense Le Deux Mondes.

Pode parecer meio estranho que um festival de artes cênicas abrigue shows de música. Mas o Cabaré do Filo funciona como ponto de encontro de todas a trupes e todos os públicos do festival no fim da noite. Mais que isso, atrai um público variado que acaba conhecendo artistas pelos quais jamais seriam atraídos num show convencional. O Cabaré, este ano, abrigou músicos diferentes entre si como o DJ Thaíde, o grupo pernambucano Cordel do Fogo Encantado, o cantor Jorge Benjor e Beth Carvalho, entre outros.

Debates- A diversidade cultural que tomou conta dos palcos do teatro ou do Cabaré foi tema de uma série de debates. Presidida por Nitis Jacon, a diretora e fundadora do Filo, a Rede Cultural do Mercosul promoveu em Londrina, durante cinco dias, um Fórum de discussão cujo tema foi O Lugar Público da Cultura. Dois palestrantes destacaram-se na programação do Fórum: o mexicano Rafael Segovia, representante da Rede Internacional pela Diversidade Cultural (INDC, www.incd.net) e o embaixador brasileiro Samuel Pinheiro Guimarães.

Depois de dar uma definição ampliada de cultura - na qual a arte encaixa-se como uma de suas manifestações - Segovia fez uma interessante analogia entre cultura e ecologia. "Hoje sabemos que cada espécie extinta significa um grave desequilíbrio no ecossistema. Hoje sabemos que os recursos naturais, com água, não são infindáveis. Mas ainda é frágil a consciência das graves conseqüências do desaparecimento de um idioma ou da extinção de uma manifestação cultural." Foram quase três horas de palestras na qual Segovia destacou a cultura como motor que impulsiona todas as outras atividades humanas, principalmente política e economia. "Temos de lutar para termos representantes da área cultural em organismos como OEA. A cultura tem de interferir em acordos econômicos e comerciais." A palestra de Segovia foi complementada de forma brilhante pelo embaixador Guimarães, que falou sobre Hegemonia Cultural. Tomando como base principalmente a imposição da cultura americana através da exportação maciça da indústria audiovisual - cinema, TV, vídeo - chamou atenção para a "colonização do olhar".

Colonização claramente percebida na natural tendência dos espectadores a ver, na mostra, com "melhores olhos" a presença de espetáculos europeus do que latino-americanos. "O olhar colonizado afeta a auto-estima, volta-se contra nós mesmos", alertou o embaixador. Lição reforçada pela incotestável qualidade dos espetáculos uruguaios, chilenos e argentinos no festival.




III CIRCUITO CARIOCA DE DANÇA e l DANÇA EM TRÂNSITO

Estréia no dia 12 de junho e vai até o dia 30, o III Circuito Carioca de Dança, e tem como objetivo esse ano, levar a dança para as ruas , ao mesmo tempo em que comemora o passaporte de entrada do Rio de Janeiro grande circuito internacional Ciudades que dansan.

O projeto CIUDADES QUE DANSAN foi criado em 1992, na Espanha, por Juan Eduardo Lopez, de Barcelona, é realizadoanualmente em 12 cidades na Europa e América Latina. Participam destecircuito Lisboa/Portugal; Londres/Inglaterra; Dro Trento, Bolonha e
Ravenna/Itália; Buenos Aires/Argentina; Marsella, Barcelona, Santiago de
Compostella e Getafe/Espanha; La Habana/Cuba; Bogotá e
Bucaramanga/Colombia.

No Rio de Janeiro o projeto foi batizado de Dança em trânsito e será
realizado dentro do III Circuito Carioca de Dança reúne 32 companhias
nacionais e três internacionais apresentando 42 trabalhos divididos em
duas vertentes: a inserção na vida urbana e a ocupação de três teatros da
prefeitura.

O III Circuito Carioca de Dança receberá três companhias internacionais:
Willie Dorner, da Inglaterra; Provizional Danza, da Espanha e o Grupo
AUO, da Argentina. Dos grupos nacionais, Dani Lima, Rubens Barbot, Andrea Jabor,Tanzhaus Cia de Dança,
Zikzira (SP), Henrique Schuller, Dupla Ikswalzinats, Paulo Mantuano Cia
de Dança, Cia Aérea de Dança, Giselda Fernandes, Evelyn Moreira, Ana
Vit'ória Cia de Dança, Vinicius Salles, Alexandre Franco, Andrea Maciel
Cia de Dança, Cia Aérea, Flávia Meireles e Micheline Torres, Projeto
Dança Amorfa, Grupo Ribalta, Maria Alice Poppe, Bia Gaspar, Flávia
Tápias, Esther Weitzman, Cia Vacilou Dançou, Aloisio Flores, Paula Águas
e Humas Cia de Dança.

A festa de abertura acontecerá no dia 12 de junho, a partir de 20 h, no
Parque das Ruínas, onde se poderá ver um pouco do que acontece nas
outras cidades através da exposição fotográfica "CIUDADES QUE DANSAN".
Oito dos curadores europeus estarão nesta festa e assistindo a toda a
mostra. Cinco cias cariocas, espalhadas pelo parque, mostrarão novos
trabalhos.

Programação nos Teatros

Três espaços da Rede de Teatros do Rio, da Prefeitura, integram o programa do III
Circuito Carioca de Dança : Espaço Sérgio Porto, Teatro do Jockey e
TeatroZiembinski.

Nestas casas, serão apresentados sete espetáculos e quinze
coreografias conjugados em programas mistos e distribuídos em pautas de
dois a três dias em cada um dos espaços. As programações para o Teatro do
Jockey e Espaço Sérgio Porto acontecem sempre às 21h e as do Teatro
Ziembinski às 20h. Elas ocorrerão nos três teatros simultaneamente mas
poderão ser apreciadas na sua totalidade pelo público dada à estrutura de
sua grade.
Dança em Trânsito na Praça XV, Saens Pena e Lagoa Rodrigo de Freitas

O Dança em Trânsito acontecerá nos dias 14 (sexta-feira), 15 (sábado) e
16 (domingo) de junho na Praça XV, Praça Saens Pena e Lagoa Rodrigo de
Freitas, respectivamente. Para os três locais há um percurso específico
previsto, composto de uma média de 12 coreografias/dia que serão
apresentadas em seqüência e interligadas por sinalizadores para o público
que deseje acompanhar todo o percurso.