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17.8.03

Flash Mob, Hackers, Teatro do Oprimido e o Teatro Infantil de Marionetes de Porto Alegre

O que têm a ver entre sí os personagens do título acima? Tudo. E muito mais.
Eles são significativos representantes de manifestações artístico/politico/culturais/tecnologicas através da história. Cada um deles, no seu momento histórico foram os subversivos da vez. A diferença, se existe alguma, é que os "flash mobs" de hoje seriam os chamados rebeldes sem causa de ontem, e os hackers, esses são feras soltas prontas para invadir e barbarizar -- agora na real -- o circo armado na selva das cidades.

Flash Mob chega ao Brasil

Essa idéia importada da Europa e dos Estados Unidos, onde esse movimento acontece há algum tempo, consiste em manifestações relâmpago em locais públicos. Os participantes são mobilizados pela internet através de e-mails, listas, foruns, e celular. Reunidos, fazem em conjunto a primeira gracinha que vem à cabeça, e em minutos se dispersam. Tudo muito rápido, divertido e indolor. São Paulo tomando á frente na importação da idéia, realizou na semana passada, o primeiro Flash Mob em nosso País, organizado por artistas virtuais, web-designers, fotografos, blogueiros, etc., entre eles, um conhecido blogueiro paulista. Tomei conhecimento do movimento e dessa primeira convocação, através do InternETC, blog da antenadíssima Cora Rónai.

Hackers -- um Flash Mob dentro de um Flash Mob.

A estréia do movimento no Brasil não contava com a fúria internáutica dos hackers, que cansados do seu brinquedinho virtual, vieram brincar na real, e estragaram a festa. Durante o tumulto relâmpago, no centro da cidade de São Paulo, um bando de adolescentes invadiram a manifestação aos gritos de YOU LOSE! e com cartazes de protesto, Eu já sabia!, Contra burguês, baixe MP3, fazendo um autêntico ato de sabotagem real/cultural para desespêro dos organizadores que ficaram em segundo plano.
A mídia correu atrás dos calças curtas, preterindo os donos da festa.

UPDATE: E o Jotaesse, sempre alerta para as novidades, mandou essa hoje para a lista lista de discussão dos blogueiros:
" Convite e Instruções para o FLASH MOB Brasileiro em Sao Paulo, SP
Av. Paulista, A ESQUERDA do numero 900 (predio da "Gazeta - Objetivo")
em frente ao telão junto a parede esquerda do predio.
Domingo, 17 de agosto, as 15h ...".
Detalhes: http://br.groups.yahoo.com/group/brasilflashmob/message/209


O Teatro do Oprimido e a "pegadinha intelectual" doTeatro Invisível

O Teatro do Oprimido, movimento de teatro politico criado por AUGUSTO BOAL, quando esteve exilado, nos anos setenta, tendo conquistado adeptos pelo mundo afóra, apesar de contestado aqui, e eu me inclúo entre os discordantes do método. Apesar disso, é inconteste a importancia de Boal para o desenvolvimento do moderno teatro brasileiro. Utilizando a linguagem teatral como instrumento para intervenções politico/sociais nas ruas, praças, ou qualquer outro lugar público ou privado, Boal criou a técnica do Teatro Invisivel. Nessa técnica, os atores, sem se identificar como tal, distribuidos pelo espaço da intervenção que pode ser no metrô ou qualquer outro local publico ou privado, provocam uma determinada situação de cunho politico/social, e deixam rolar todas entre o desavisado público.

O TIM e a mobilização boca-a-boca nos anos de chumbo

O Teatro Infantil de Marionetes -- TIM, grupo de teatro de marionetes, de Porto Alegre, dirigido pelo ANTONIO CARLOS SENA em plena repressão, nos anos sessenta, apresentava na Rua da Praia, entre outros locais públicos, um subversivo teatro de marionetes como forma de resistência ao regime vigente. Por motivos óbvios, a organização e a mobilização eram feitas no boca-a-boca -- telefone ou qualquer outro meio de comunicação, nem pensar. Qualquer falha na mobilização, e seus integrantes corriam todos os riscos. Os militares como bons filhos da pátria ficavam espertos para qualquer lance que cheirasse à subversão. Alguns participantes do grupo do TIM ficavam espalhados pela área da representação teatral -- olheirosespertos, capazes de ver e sentir de longe o cheiro da repressão. E não há exagêro nessa afirmação, porque eles eram os responsáveis pela segurança do grupo, avisando de qualquer suspeita na área para uma retirada estratégica do local, antes da chegada da polícia da repressão.

Entre os integrantes do TIM, o jovem estudante universitário MARCO AURÉLIO GARCIA, (atual ministro para assuntos internacionais), o jovem aspirante do CPOR de Porto Alegre, FERNANDO PEIXOTO (o conhecido ator, diretor teatral e um dos fundadores do Teatro Oficina) e mais o jovem estudante universitário ANIBAL DAMASCENO (o conhecido professor Anibal, escritor, pesquisador, um dos descobridores de Qorpo Santo) eram os autores dos suversivos textos do TIM.

Em tempo: O Teatro Infantil de Marionetes, o TIM de Porto Alegre, apesar de pouco conhecido em nosso País, tem uma respeitável carreira com apresentações no exterior, e prêmios em importantes festivais internacionais. Foi criado há mais de cincoenta anos pela artista plastica Odila Sena -- mãe do diretor do grupo. E o Antonio Carlos Sena tem ainda no seu brilhante curriculo, a direção da primeira montagem de Qorpo Santo, o genial autor gaúcho, considerado o precursor do teatro do absurdo.

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