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24.3.04

Judth Malina e Hanon Reznikov por Gerald Thomas
Ontem a noite, sexta, apos o espetáculo, fui num barzinho no Bowery esquina da rua 1 (perto de onde William Borroughs passou grande parte de sua vida, nos lavatorios desativados do YMCA) pra ver a JUDITH MALINA e Hanon REZNIKOV lerem seus poemas e se reinstalarem em Manhattan como sendo sua base, depois de um longo exilio (auto imposto) na Italia.

EMOCIONANTE! Judith e eu temos um longo passado em comum: 20 anos. Ela, ex-mulher de Julian Beck (os dois são os fundadores do incrível LIVING THEATER, que mudou a historia do teatro no mundo, perguntem ao Zé Celso, perguntem ao Boal, perguntem ao Mundo), eh a ultima SOBREVIVENTE de uma geração de Resistentes como Allan Guinsberg, Borroughs, Keruac, Tim Leary, Bowles, etc. Sem eles não teria acontecido a contracultura, não haveria Ângela Davies, Gloria Steinen. Germaine Greer, Abbey Hoffman, Jerry Rubin.

Sem eles nao teria havido Andy Warhol.

Ontem Judith lia poesias de Julian Beck e eu, comovido ate não poder mais, me lembrava dos tempos em que o dirigi em "That Time", peca de Beckett no mesmo La MaMa Annex onde estou em cartaz hoje com Anchorpectoris (gente...acaba amanha!)
Julian nunca havia pisado fora do Living Theater, exceto pra fazer filmes como "Édipo Rei"(Pasolini), "Cotton Club" (Coppola) e "Poltergheist". Mas em teatro, fui o privilegiado (não sei ate hoje porque) a te-lo dirigido já nos últimos estágios do câncer.
Judith e Hanon liam seus poemas e eram aplaudidos pelas 30 pessoas que la estavam. Me pergunto sempre se o numero conta. Digo, se quantidade de platéia conta. Afinal, ate hoje, Julio Iglesias lotaria um estádio como o Maracanã. Mas...e dai? Essas 30 pessoas eram muito especiais. Eram intelectuais, eram pessoas que estavam absorvendo cada palavra do que estava sendo dito naquele palco daquele bar.
Judith, alem de fazer o Statement de que o LIVING estava de volta (essa MULHERONA de 80 anos, pequena, frágil, LINDA!), também convocava o publico a fazer uma demonstração pacifica hoje nas ruas contra BUSH, que estará na cidade daqui a pouco por causa da convenção Republicana.

Estou com a CNN ligada e ele ainda discursa suas baboseiras na Florida, apoiando seu irmão, governador de la. Que turma! Que horror. De onde moro hoje, oposto a Williamsburg onde passei 22 anos da minha vida, vejo o FDR drive lotado de carros da policia fazendo um cordão, preparados pra receber el presidente.

Poesia não salva tudo. Talvez não salve nada. Mas ontem a noite lavou minha alma. Cultura e Historia ainda são os UNICOS alimentos nessa época nefasta. Judith Malina em seus 80 anos de RESISTENCIA contra a morosidade, contra os Nazistas, contra os macartistas, contra os CARETAS e contra o establishment em geral, esta de PE.
Quantos de nos podemos dizer a mesma coisa com prosa verso e orgulho?

Larapiei do blog do Gerald.

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