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8.8.06

Apagão em Cuba e o jeitinho cubano no espetáculo do Buendía

O grupo Buendia está vindo ao Rio trazido pela Corpus in Scena Prod. Artísticas do diretor e professor VIVALDO FRANCO, que conheceu o grupo em junho 2005 quando esteve em Cuba como convidado-palestrante do IV Congresso Internacional de Cultura e Desenvolvimento. Com a palavra, Vivaldo Franco:

" Após o congresso permaneci em Havana por mais 10 dias para conhecer um pouco mais os movimentos culturais (particularmente o teatro) e então conheci o BUENDÍA.
Fiquei completamente maravilhado. Eles têm sua sede em uma antiga igrejinha
transformada em teatro, em um bairro fora do centro. Fui assistir a um espetáculo inspirado em MARAT MARAT e que incluía outros textos sobre a revolução francesa, a revolução cubana e afins.

No dia em que fui assistir ao espetáculo houve um apagão (em Cuba, atualmente, há apagões por regiões, todos os dias, por causa da falta de energia - leia-se petróleo - já que toda energia provém desta fonte e é caríssima, pode-se imaginar), eles então apresentaram o espetáculo à luz de velas e lanternas! Improvisando toda a iluminação na hora. Foi fantástico, talvez melhor do que com a luz dos refletores.

Acredito, pelo pouco que pude observar e me inteirar, que o teatro de Cuba hoje é um teatro de resistência (como todo o resto, obviamente) mas não um teatro mambembe no sentido do improviso ou do amador. Ao contrário, é um teatro depesquisa,extremamente contemporâneo e profissional. Muito parecido com um tipo de teatro que se produz no Brasil (infelizmente muito raro aqui no Rio) e que foge da fórmula fácil docomercial sem qualquer compromisso com a qualidade. É um teatro altamente reflexivo, de qualidade técnica e dramatúrgica excelente, sem ser chato, manequeístaou "engajado".
Ao contrário, como toda arte produzida hoje em Cuba (as artes plásticas, o balé,amúsica, etc.), o teatro também possui um grau surpreendente de crítica e auto-crítica da realidade cubana, do seu sistema de governo, do bloqueio, de Fidel, de tudo que diz respeito ao seu modo de vida, seu sistema político, sua realidade, tanto para o bem como para o mal.

Aliás, Cuba é muito mais - tanto para o bem como para o mal - do que podemos
imaginar em nossa mesquinha visão de um paraíso utópico de liberdade ou de
uma ditadura cruel e anacrônica. Mas isso é outra história... VIVA CUBA!
VIDA LONGA A FIDEL! VIVA A REVOLUÇÃO! "

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