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11.6.02

Um espetáculo cincoentão

Um Teatro Municipal lotado, ontem á tarde, para assistir Arlecchino servitore di due patroni de Goldoni, dirigido pelo Giorgio Strehler, fundador do Piccolo Teatro di Milano, na montagem original que vem sendo representada há cincoenta anos.

Eu demorei um pouco para me situar nesta montagem. É muito estranho para a gente ver um espetáculo criado há cincoenta anos atrás. Estranhei dos figurinos (todos em tom pastel, com direito a muitos brilhos de lantejoulas nas roupas dos nobres) à direção. Para completar, o público era qualquer nota -- aplaudia e ria nos momentos mais inesperados. Superados os estranhamentos todos, embarquei na proposta e as três horas de espetáculo passaram rapidamente.

Os atores desta montagem são um espetáculo á parte. Dão uma aula de teatro. Ótimos, com pleno domínio do seu personagem, uso corporal compentente (eles são circenses também, aliás, as origens do circo ficam evidentes no espetáculo), e além disso, cantam muito bem. E o maravilhoso, o sensacional, o supreendamental Ferruccio Soleri quando tirou no final, a máscara do Arlequim, mostrando os seus cabelos brancos nos seus gloriosos sessenta e tantos anos, o público delirou.

Que passes de mágica conservam esse distinto senhor na melhor performance de um jovem atleta -- dá saltos, cambalhotas, faz parada de mão (apoiar as mãos no chão e levantar os pés para cima, sustentando a posição) e outras manhas e artes na pele do Arlequim, durante três horas de espetáculo? Mistérios da arte e da vida. Ah, não poderia deixar de falar aqui da marcação do agradecimento no final. Um dos mais belos agradecimentos que eu tive a oportunidade de ver no teatro.

Atenção povo de Sampa ! Dias 13 e 14 nesta quinta e sexta, o espetáculo vai estar em cartaz no TEATRO ALFA.

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