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27.5.03

Et Eu Tu

Sabado às cinco horas já estavam esgotados os ingressos para os dois dias do show do ex-Titãs, Arnaldo Antunes e grupo, para o lançamento do seu livro de poemas "Et Eu Tu", no CCBB. Eu estava curiosa para ver a tal da performance porque eu quero entender o porquê dessa badalação toda em torno do Arrepiadinho Antunes. Eu não acho que o cara esteja com essa bola toda. Assistí em São Paulo o primeiro show-solo dele depois da separação do grupo, e detestei. Eu e meus amigos paulistas saimos desse show completamente irados -- no antigo e verdadeiro sentido dessa palavra.
Fiquei no foyer do CCBB onde o AAA (ele é bem bonitinho, apesar daqueles tufinhos arrepiadinhos de cabelo) estava autografando o livro, antes da performance no teatro do segundo andar. Compreensívelmente não tinha fila de autógrafos. Aos pouquinhos, ia chegando algum fã com dinheiro suficiente para comprar o livro pelo precinho antipático de cento e trinta e nove reais. Ficamos folheando o livro fingindo que íamos comprar. Deu vontade de comprar só pelas fotos e o projeto grafico -- belíssimos. Tinha um poema lá que falava no movimento dos pés e me amarrei nas fotos que ilustravam esse poema, interessantíssimas, com pés em movimento, como se fosse uma continuação do poema. Um pouco sobre o óbvio, mas muito belo.
Antonio Cícero, esse sim, um poetaço, desfilava faceiro pelo foyer empunhando o livro. E sem o livro nas mãos caminhava apressado, o irrequieto produtor musical Ezequiel Neves.

Caetaneando o próprio
Estou folheando "Et Eu Tu", e de repente, olho para o lado e vejo de costas, um rapaz magrinho de cabelos grisalhos (eu disse rapaz -- nem de perto parecia um senhor cincoentão), elegante e sòbriamente vestido com calça cinza de listras fininhas, camisa de mangas compridas cinza clara e uma sueter de lã preta jogada nos ombros, sendo assediado por umas cinco ou seis mocinhas e uma outra fotografando freneticamente a cena. Era ele, o belo Caetano. Dava para sentir pela sua expressão corporal que ele estava louco para sair daquela, quando a fotógrafa correu e deu a maquina para uma das intrépidas, a tempo de ser fotograda junto dele. Livre das moças, caminha apressado e vai para um cantinho daqueles ali do foyer onde outras pessoas o aguardavam. Logo depois, foi embora e não me deu a chance de ir caetanear o próprio -- de perto.

Caetaneando o que há de bom na música para crianças: Paulo Tatit e Sandra Peres
Meninos, eu vi sabado às 15 hs. no CCBB o show de lançamento da coleção Siricutico, "Pindorama e O Rato" que conta e canta histórias infantís com a apresentação das músicas ao vivo pelos autores desse projeto: Paulo Tatit e Sandra Peres. Aproveitei comprei três discos que faltavam para a minha coleção.
Quem vai gostar desse lance é o meu querido vizinho blogueiro, o Ale Boechat. Viu, Ale ganhei autógrafo e tudo.

Caetaneando os provectos do Teatro de Anônimo
Depois dos agitos musicais, fui para a Rua do Mercado, ali atrás do CCBB, pra ver os meus colegas circenses, os Valdevinos de Oliveira numa apresentação para crianças. E á noite no mesmo local a peça circense Tomara que não chova. Não choveu e depois do espetáculo rolou um grande baile. Bom demais. A festa acabou ontem (domingo). O circo móvel de propriedade do provecto grupo cômico Teatro de Anônimo, in comemoração aos 15 anos de persistência desses intrépidos jovens, fica guardado para a próxima apresentação. Sabe-se lá quando. Quem não foi se arrependerá pra sempre.

17.5.03


Divulgação do Teatro de Anonimo no Forum de Teatro, devidamente surrupiada aqui para o blog de artes cênicas

Atenção ! Atenção! Muita atenção !

Mas muita atenção mesmo !

A crítica não viu! O público não pediu!

Só se fala em outra coisa na cidade!

Mas para o bem de todos e felicidade geral da galera, foi prorrogada a temporada do Mercado do Riso por mais um final de semana! Não percam 23, 24 e 25 últimos dias!
Tudo de graça! É só alegria!


UPDATE por mim: MERCADO DO RISO projeto do Teatro de Anonimo em comemoração aos 15 anos do grupo. Durante quatro semanas, desde o dia 25 de abril, (agora prorrogadas para cinco) foram apresentados três espetáculos e uma exposição Pequena Miscelânia de Anônimo, com entrada franca.

O Pregoeiro as sextas às 20 hs.

Tomara que não chova aos sabados e domingos às 19 hs.

Os Cenouras aos sabados e domingos às 16 hs. com Valdevinos de Oliveira -- grupo convidado.

Local: Rua do Mercado 45 -- Centro (atrás do CCBB) - Digratis. Chegue cedo para pegar a sua senha ou o seu lugar na fila. Certo?.
Corra ! Só tem essse final de semana e o outro. Depois não reclamem que eu não avisei.

14.5.03


Depoimento de um ator e autor brasileiro sobre um curso do método de Stanislavsky em Moscou

Há três anos que eu vinha "babando" de expectativa de poder fazer um
curso de teatro em Moscou. Sabia que alguns amigos e colegas de profissão já
tinham feito o curso, como Cacá Mourthé e Clóvis Levy, e sempre tentava
articular a minha participação mas nunca dava. Esse ano deu ! Ajeitei toda a
minha vida profissional e pessoal e parti para Moscou. O curso em questão se chamava Fundamentos do Método de Stanislavsky, seria um curso de aperfeiçoamento, com carga horária de 120 h/a, e iria traçar um apanhado geral do famoso método e como ele é utilizado hoje em dia na Rússia pelos seguidores diretos do famoso mestre.

Um outro motivo me impulsionava: como além de ator e autor trabalho como professor de interpretação há alguns anos, sempre tive dúvidas sobre alguns pontos dos livros do Stanislavsky que me pareciam, e depois descobri que a muitos outros colegas também, um pouco nebulosos, pois o que temos é uma tradução do russo para o inglês-americano e deste para o português. Alguns conceitos não ficavam muito claros para mim.

Em Moscou, os mestres nos informaram que isso é uma reclamação mundial, pois quando o Stanislavsky estava com o filho doente e precisando de dinheiro, topou escrever suas obras vendendo seus direitos para os americanos. Ou seja, ninguem na familia do mestre ou na Rússia recebe pela obra, são só os americanos. Houve até um congresso na década de 90 em Moscou, onde pessoas do mundo inteiro reclamavam da impossibilidade de se traduzir direto do russo, pois os americanos não deixam. Todos reclamavam, menos os americanos!

Assim, liguei para a agencia em São Paulo que estava organizando a viagem
e me inscrevi. A história dessa agencia é curiosa. Gustavo, o dono da agencia
é um brasileiro fanático pela Rússia, morou lá 5 anos e sabe tudo sobre tudo
dos russos, inclusive teatro, apesar de nunca ter feito nada pessoalmente
nessa área. Assim ele montou uma agencia especializada em leste europeu e
leva grupo específicos ( pessoal de teatro , arquitetura, etc,...) para conhecer Moscou e fazer um curso especifico da área num local de reconhecimento mundial, oferecendo tradução simultânea do russo para o português.

A mais importante escola de formação de atores do planeta

Assim, aportei no GITIS - Academia Russa de Arte Teatral, conceituada por
muitos como a mais importante escola de formação de atores do planeta.
Nemirovith- Dantchenko deu aulas lá, Meiahold e Grotovsky ( este somente por
um ano) foram alunos. Vartangof, Efremov e tantos outros deixaram suas
passagens por lá.

Assim o grupo de brasileiros ( atores, professores e diretores do Rio e
São Paulo) foi com 15 pessoas para Moscou. O curso era feito da seguinte forma : aulas de Segunda á Sábado pela manhã aula de corpo e voz em dias alternados e à tarde aulas de interpretação, seguindo o método de Stanislavsky.
À noite íamos assistir sempre a um espetáculo. No total, devo ter assistido uns trinta espetáculos, pois ficamos 38 dias na capital Russa ( com uma fugidinha para a belíssima São Petesburgo, que também possui um movimento teatral intenso).

As aulas de corpo que tivemos, apesar do mal cheiro do professor ( que eu
chamava , carinhosamente de "cheiro do fim do planeta") eram as aulas que são
oferecidas aos alunos do GITIS. Se baseiam numa preparação física intensa,
valorizam o malabarismo, ensina tapas cênicos, caídas, cambalhotas, etc e se
baseia muito no método da Bio-Mecânica do Meiahold.. Eles trabalham pouco na
parte corporal o lado lúdico do corpo. São mais técnicos, diretos, uns ginastas. Faz parte da cultura russa, né?

As aulas de voz ( a professora era uma senhora simpática e cheirosa-
graças a Deus!) eram excelentes. Utilizam como base a respiração para se conse guir relaxar e emitir as sonorirades necessárias. Se utilizam de técnicas
diversas, inclusive orientais, chinesas e japonesas, yoga, etc. Moscou, por
estar alí, na boca da Àsia também recebe muitos alunos da Índia, Coréia,
Japão e China.

Método da Analise Ativa

Na parte da tarde tínhamos as famosas aulas de interpretação com David
Liviniev, que é considerado hoje um dos maiores especialistas do planeta em
Stanislavsky. Ele tem um livro chamado "O Método Stanislavsky Hoje", que só
está com tradução em russo, e fala como os russos evoluíram , se
aperfeiçoaram e como trabalham hoje o método de Stan. E foi isso que ele
trabalhou com a gente. Além dele, que era mais teórico, tivemos aula com
outro assombro, que foi o Valentim Trepliakov, também um dos mais
conceituados diretores e professores do método. Ele é o decano da escola e dá
aulas no mundo interiro. Basicamente o que é trabalhado hoje é o método da Análise Ativa, que no Brasil foi introduzido pelo Kusnet.

O método das ações físicas já foi abandonado há uns 20 anos na Rússia. Nenhum aluno lê os livros do Stanislavsky, pois todos consideram hoje em dia como uma obra científica, quase de Museu, e o que se trabalha é o avanço desse método que Stan no final da vida já dava indicações e que foram desenvolvidas pelos seus alunos.
É óbvio que os alunos que não leram os livros de stan, possuem culturalmente
um conhecimento prévio da obra, não é nada desconhecido para eles. Acho
arriscado no brasil não orientarmos nossos alunos a lerem e a conhecerem a
obra de Stan.
No primeiro ano de curso ( são 4 anos) os alunos só trabalham individualmente, NUNCA sendo personagens. Trabalham o famosos "SE" do stan. Os exercícios são todos baseados em " SE você, ator, estivesse vivendo essa situação o que vc faria". Eles tentam a todo custo tirar os arquétipos e estereótipos de representação que os alunos já chegam trazendo. Tive a oportunidade de ver trabalhos belíssimos dos alunos que , sozinhos, e sem super representarem, pensavam em cena, agiam em cena e provocavam com a extrema simplicidade, um real NATURALISMO, uma emoção em quem assistia.

Vivência naturalista
Tenho a impressão que no Brasil temos um certo preconceito com o naturalismo. É como que se o ator que não fosse capaz de criar logo um personagem, fosse um ator menor, sem criatividade, como se o naturalismo fosse fácil e o encontrar o personagem mais difícil, e por isso, mais digno. Os russos não se preocupam com isso. Durante um ano, o ator vai trabalhar sozinho, se auto-entendendo, conhecendo seu próprio pensamento e deixando que suas ações nasçam naturalmente dessa sua vivencia naturalista, pois assim, todos irão acreditar no que acontece em cena.

No segundo ano, os alunos começam a trabalhar em dupla, ainda como eles
mesmos, para começar a exercitar o lado mais importante do ato de
representar, segundo os russos, que é a troca real, o jogo , a verdadeira
interação entre os atores.

No terceiro ano, começa a se introduzir texto dramático e o trabalho de
aproximação do ator como personagem do texto. Tudo de uma forma lenta e
trabalhada, para que no quarto ano, o aluno esteja apto a interpretar uma
montagem da escola, com verdade de atuação.

É emocionante perceber que os alunos entendem perfeitamente a filosofia
da escola e trabalham duro para se aperfeiçoarem. Anualmente 25.000 alunos
tentam ingressar no Gitis, gente do mundo todo e só 120 conseguem. È difícil
entrar, mas quem se forma lá ( diploma vermelho é para alunos excelentes e
diploma azul para bons alunos) tem muita facilidade para conseguir emprego no
mercado de trabalho.

Cada teatro russo tem a sua própria companhia

O mercado de trabalho teatral russo existe, é forte, mas também tem
problemas. O teatro é cultural. Todos vão assistir a peças quase todos os dias.
Existem uns 180 teatros em Moscou, a gente tropeça neles e nas trinta peças
que eu fui assistir, nos teatros mais próximos e mais pertos, maiores ou
menores, EM TODAS AS APRESENTAÇÕES OS TEATROS ESTAVAM LOTADOS. E eu quase não vi nenhuma divulgação das peças na imprensa, pois não precisa. O povo compra o manual das peças e as escolhe para assistir.

Assim como no Brasil a televisão tem uma aceitação cultural inegável, é o
meio escolhido pela maioria de nosso povo, na Rússia é o teatro. O respeito
do povo russo com os artistas também é emocionante. Em todos os teatros
existe uma companhia daquele teatro que trabalha alí e em seus corredores,
fotos de todos os artistas que já trabalharam alí, ou ainda trabalham. É uma
galeria de artistas. No Teatro de arte de Moscou, ví fotos enquadradas de
artistas do começo do século até o ano de 2002.

Não existem longas temporadas nas peças, ou seja, cada teatro com sua
companhia tem um repertório de várias peças que são apresentadas durante todo o mês. Ou seja, se vc for ao mesmo teatro em Moscou durante 1 mês, vc
assistira de 10 a 15 espetáculos diferentes, representados pelos mesmos
atores. Cada peça se apresenta durante 2 ou 3 dias por mês.
Assim temos em Moscou atualmente uns 800 espetáculos ativos ! Numa recente
pesquisa, descobriu-se que se vc fosse assitir a todos os espetáculos que
estão ativos em Moscou hoje, vc demoraria quase 3 anos, indo ao teatro todos
os dias.

Pão com caviar vernelho e vodka no cardapio dos restarurantes dos teatros
Percebe-se que tem um mercado de trabalho real. Quando os alunos de teatro se
formam, preparam um texto e apresentam ao diretor artístico do teatro para
serem contratados. Se eles não conseguirem emprego naquele teatro, terão mais
179 oportunidades, nos outros restantes.Todos os espetáculos começas as 7 da noite e as pessoas correm para lá, também porque tem aquecimento ! Uma das vantagens do teatro russo, é o rigoroso inverno. Todos saem dos trabalhos e antes de se congelarem indo pra casa, dão uma pausa no teatro, guardam seus pesados casacos e comem um pão com caviar vermelho e vodka ( duas das poucas coisas gostosas de se comer por lá ! Que saudades do feijão preto, couve, banana e farofa que eu fiquei ! Nossa!) Se não fosse a vodka, não haveria Rússia. Agora pude entender bem melhor
Dostoiévsky e Tchecov!!!

Agora o fato triste. Das trinta peças que assití, 25 eram ruins, de sair no
meio muitas vezes. E digo isso não porque eu não entendo russo, mas sim
porquê existe uma ingenuidade cênica risível, espetáculos sem nada a dizer,
burocráticos e sem criatividade. Há um problema grave de falta de diretores
criativos na Rússia atual. E há um fazer teatral "industrial", pois eles tem
uma demanda forte de público que precisam ser atendidos !!!

Teatro sem tesão
Enquanto no Brasil, com nossas imensas dificuldades, inclusive de se levar
público ao teatro, a impressão que eu tenho é que sempre há uma "tese" por
trás de um espetáculo. Ou seja, se eu só vou fazer 1 ou 2 espetáculos por
ano, vou querer que eles sejam interessantes, que tenham algo a dizer. Se eu
vou conseguir ou não é outro assunto, mas o DESEJO existe.
Me parece que em Moscou, não há tanto tesão. Sabem que terão público mesmo. Tratam o teatro como uma indústria de emprego em primeiro lugar e como arte em segundo.


Por isso eu digo, sem medo, que o teatro brasileiro BOM é muito mais
instigante, criativo, libertário, interessante, questionador e feliz do que o
dos russos atualmente. Além disso, os espetáculos em Moscou prezam muito conceitos rígidos de se montar clássicos, poucas ou nenhuma pesquisa além disso. A formação de ator deles é muito superior, mas o "fazer" deles não, ou pelo menos questionável.

Os próprios professores russos falam que se no Brasil nós tivéssemos a
formação deles, com o talento de nossos artistas, seríamos os melhores do
mundo. Eles acham os brasileiros muito criativos e muito indisciplinados !!!!!!
Agora, dos 5 espetáculos ótimos que eu ví, com GRAAAANDESSS
atores e atrizes, um é IMPRESSIONANTE : A Gaivota, de Tchecov, no Teatro de
Arte de Moscou. É um espetáculo do Efremov, um dos mais importantes
continuadores do mestre Stan, que eu pude ver um NATURALISMO real em cena,
como nunca vi na vida. Impressionante. Genial. Fantástico. Chorei.

Resumidamente posso dizer que eles tem uma formação de ator estupenda,
espetáculos questionáveis e um naturalismo cênico perfeito, continuando a
serem os melhores do mundo quando se propõem a levar o teatro com o BE-A-BÁ do iluminado Stanislavsky.
Espero que essa impressão muito pessoal minha seja de interesse de vcs.
Aproveitro para dizer que estou oferecendo oficinas de 3 dias até 7 dias para
grupos no Brasil inteiro que queiram saber mais sobre o método de Stan na
Rússia de hoje. Quem quiser, por favor, me escreva ou me indique.

Rodrigo Rangel
rodriran@aol.com

11.5.03

Primeiro show do CAIXA 3!!!
Estou aproveitando aqui o espaço da minha tia Ruth para informar que dia 24 de maio será a estréia da minha banda nos palcos.
O show será no Colégio Pedro II do Humaitá, que fica na rua Humaitá, não sei que número, às 18:00h, e a entrada custa $ 5,00.
A banda será a primeira a se apresentar, pois vai ser no sarau do colégio. Para entrar na página da banda clique aqui.
Já visitou o meu outro blog, o Artimanhas? Sim ou não, tem post -- texto -- novo lá! Vai nessa e não te arrependerás.!

8.5.03

Inclusão cultural
[Helena Katz]

Artista deve fazer prioritariamente o que sabe, isto é, sua arte e, evidentemente ter esse direito assegurado. Essa arte deve poder chegar aos que dela estão apartados. Quando se assiste a um espetáculo de dança, teatro, circo, música, ópera, quando se vai à uma exposição, quando se lê, se ouve música, se vai ao cinema, pratica-se uma educação dos sentidos. Entra-se em contato com idéias que nos levam a pensar melhor sobre o mundo que nos cerca.

Um cidadão que tem acesso à produção artística do seu tempo consegue enfrentar com mais clareza a complexidade da sua vida e qualifica-se para aprender a reivindicar melhor a sua participação na sociedade. A arte é uma estratégia evolutiva que o homem desenvolveu para garantir a sua permanência no seu hábitat. Ela é tão indispensável quanto a alimentação, a saúde e a segurança. E é realizada por trabalhadores especializados, cujo produto final tem enorme poder de inclusão social. Para que eles próprios não se tornem o próximo nicho de excluídos, devemos implementar a inclusão cultural imediatamente.


(Parte de um artigo da brilhante escritora, pesquisadora Helena Katz -- crítica de dança do "Estadão")

7.5.03

1 M A N I F E S T O


CULTURA É DIREITO DO CIDADÃO. COMO SAÚDE, COMIDA E EDUCAÇÃO.

CULTURA É PERSPECTIVA DE CRIAÇÃO, PENSAMENTO E CONSTRUÇÃO DE UM POVO !

CULTURA É SOCIAL ! CULTURA DEVE SER PRIORIDADE !



1% PARA A CULTURA (federal estadual municipal)

ORÇAMENTO MÍNIMO E OBRIGATÓRIO POR LEI !



ARTE É QUESTÃO DE SAÚDE MENTAL ! Reorganiza o mundo interno da pessoa.

ARTE É QUESTÃO DE EDUCAÇÃO ! Estimula a criatividade. Educa os sentidos.

ARTE É QUESTÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA ! Despotencializa a violência. Hip urra hip hop!

ARTE É QUESTÃO DE ECONOMIA ! Gera trabalho e renda.



Pela inclusão cultural. Queremos salas, cinemas, galerias no centro e nas periferias para expor nossos trabalhos e viver dignamente de bilheteria.


Pela diversidade cultural ! Cultura não é só indústria e mercado. Cultura é expressão de vida !

Pela união de TODA a classe artística em torno de novas relações de trabalho.



Contra a globalização e a evangelização que invadem nossas casas de espetáculo.

Pela elevação do piso cultural !

Chega de achatamento e massificação ! Eu não sou cordeiro não !

Chega de colonialismo cultural ! Somos antropófagos de última dentição.

A sábia indolência apimentada pela mais fina tecnologia: - Mangue beat !


Por um ensino contemporâneo de arte.

Por um circuito de eventos artísticos estimulantes nas escolas e faculdades públicas.

Pela ampliação de uma rede pública de teatros, bibliotecas e museus no país


Por um programa de cultura para os próximos 15 anos.

Saber, definir, informar quais são as atribuições, responsabilidades, compromissos legais e constitucionais dos municípios, estados e federação.



O TEMPO URGE! A FOME RUGE! A ARTE SE INSURGE!

FORUM DAS ARTES - RIO DE JANEIRO, 1º DE MAIO DE 2003.


Manifesto lido, declamado, repetido pelos artistas e o público presente nos três dias do agito no Teatro Experimental Cacilda Becker, no Rio de Janeiro.

4.5.03


Catarroverde -- um blog transparente

Sergio Faria manda lá no melhor estilo bufo com todas as bufonnéries, a que tem direito, brincando com as nossas ambiguidades, parodía significativamente fatos, situações do cotidiano, acontecimentos politicos -- foi o Catarroverde que detonou o famoso caso do plágio do discurso de renúncia do ACM. Faz paródia até mesmo da sua própria pessoa, revelando assim a dualidade de todo ser, ou seja a face do bufão que existe em cada um. E assim mostrando uma outra face da nossa realidade, ele vai dando o seu recado com muita manha e arte. E sem se perder na trilha, ele passa do personagem bufo ao do lord inglês com a maior desenvoltura, competência e bom humor. Um mestre.

Hoje eu sou uma admiradora incondicional do Catarroverde, mas nem sempre foi assim. E já houve um tempo em que eu ousei reclamar dos posts quando ele com a maior liberdade, carregava nas suas boufonnéries, falando de índios, anões e outros excluídos A primeira vez, depois de pensar e repensar alguns dias, pois tinha medo de levar um fora daqueles ao seu melhor estilo, mandei um cuidadoso e-mail reclamando de um post sobre índios. E para minha surprêsa, ele respondeu. E ainda para completar, educadamente. Era a deixa para um segundo e-mail, dessa vez, à cause de um post sobre anão. Depois disso, encarnei a plantonista dos excluídos, e virei freguêsa de caderninho. Depois de algum tempo, ele chegou a comentar no Catarro, um desses e-mails com essas minhas investidas.

Acabamos ficando amigos. Trocamos idéias em alguns e-mails, e ele me deu alguns toques que foram úteis posteriormente, quando em busca da minha expressão artística fui estudar as técnicas do bufão. Hoje, reavaliando as minhas atitudes, eu penso que ele teve muita elegância, paciência e educação com a anta aqui. Um perfeito gentleman.

O Ator Transparente

Eu passei a ver o Catarroverde com um outro olhar, um ôlho mais límpido, a partir do curso O ATOR TRANSPARENTE, no Nucleo de Pesquisa do Ator, da UNIRIO, realizado durante todo o ano passado. Antes disso, eu vinha de um trabalho de três anos com o Mestre Dácio Lima, O jôgo do clown no trabalho do ator, o qual foi interrompido com o seu trágico desaparecimento em janeiro do ano passado. Fiquei perdidona, ia jogar tudo fora, parei com as aulas de flauta, com tudo, até esse curso na UNIRIO.

Para chegar à transparência do ator -- a verdade do jôgo do ator, fizemos uso das técnicas do bufão e do clown. No bufão, trabalhamos as três máscaras bufas: o anão, o corcunda e o barrigudo, na busca do nosso inconsciente, o lado animal, cruel. E no estudo do clown trabalhamos a leveza da criança -- o resgate da nossa criança. E a parte teórica foi embasada por filosofos como Foucault, Adorno, entre outros, passando pelas teorias psicanalíticas de Jung, Lacan, Freud, e o teatro de Dario Fo, Jerzy Grotowski, Peter Brook, etc.

O bufão rejeitado ou condenado simboliza uma parada na nossa evolução ascendente,
diz o séríssimo filosofo Adorno. O bufão trabalha com a poética das sombras, brinca com as nossas ambiguidades -- eu sou delicada, e sou escrota. E, para quem reclamava dos pots do Catarro, me imaginem fazendo um personagem bufo -- uma anã com cotocos de braços, completamente feroz, primitiva, e das mais escatologicas, mandando ver todas. Foi um trabalho difícil em todos os níveis, a começar pelo complicado uso corporal, além de assumir o meu lado grotesco e mais o meu lado negro -- o prazer na crueldade. E, não tinha escôlha, ou assumia esse outro lado, ou desistia de tudo. Um trabalho difícil e dolorido, e a partir dele, mudei muitos dos meus valores, e esse post em homenagem ao Sergio Faria é uma prova disso.

1.5.03


DIA DO TRABALHO É UM DIA DE ARTE
"VC VV DQ"

1% para a Cultura




Dia 1 de maio - Largo do Machado - 17 horas - Entrada Franca

PALHASSEATA DE FLORES E ALEGRIA

TEATRO DE ANONIMOS/INTRÉPIDA TRUPE/ COOPERATIVA DE ABAYOMI/

20 PALHAÇOS

Dias 1, 2 e 3 de maio - Teatro Cacilda Becker - Das 19h às 22 h R$ 1,00

Teatro/Musica/Poesia/Dança

O 1º de maio, dia do trabalho, ganhou este ano uma comemoração especial dos artistas do Rio. De forma lúdica e criativa, atores, poetas, músicos, bailarinos e artistas circenses estarão se apresentando na maratona cultural "VC VV DQ" nos dias 1, 2 e 3 de maio, das 19 às 22 horas, no Teatro Cacilda Becker.

"VC VV DQ" provoca às questões tão comuns nesses tempos de incerteza e que são cotidianas na vida de todo trabalhador brasileiro: você vive de quê? . Com a maratona, a classe artística carioca dá a partida na campanha pela regulamentação, em forma de lei, do valor de 1% do orçamento público municipal, estadual e federal para a cultura.


Esquetes de espetáculos de circo dos grupos Intrépida Trupe e Teatro de Anônimo estarão abrindo o evento na praça do Largo do Machado, às 17 horas, dando início à maratona cultural, que reunirá cerca de 10 a 15 atrações em cada uma das três noites. Em cada noite, o público terá a oportunidade de assistir teatro, poesia, performance, leitura de textos, solos de dança, musica e circo. Grupos, companhias e artistas independentes farão parte dessa maratona e o ingresso será R$ 1,00.

"VC VV DQ?" é a primeira ação artística do Fórum das Artes-Rio que desde sua organização, em 13 de janeiro de 2003, vem discutindo questões referentes às políticas públicas para a cultura e as condições atuais de trabalho para os artistas. A maratona cultural "VC VV DQ" quer ter o seu melhor parceiro por perto: o público.

Com a campanha "1% no orçamento para a cultura" a classe artística
pretende oferecer ao público o que ele merece e tem por direito: o acesso à arte.

Programação - Programe-se

Dia 1 de Maio :
17 h : Largo do Machado. Entrada franca
Teatro de anônimo / Intrépida Trupe e Cooperativa Abayomi
19 h : Cacilda Becker. 19 às 22 h - R$ 1,00
Realização: Fórum das Artes Rio

1 - Elaine Tomazzi - música e vinhetas musicais
2 - Júlia / Joana Cseko - audiovisual. Intervenção Jogo de Dentro" - Veja, Vista, Experimente, Viva, Seja Atento
3 -Cia Teatral do Movimento, Grupo Alice 118 e Rio Maracatu. Cena direção de Ana Kfouri.
4 - Dupla de Dança Ikswalsinats - dança. Cena de Cem Águas coreógrafos intérpretes Frederico Paredes e Gustavo Ciríaco
5 - L.C. Cseko - "canções do alheamento 8" uma homenagem a Jimi Hendrix.
6- Grupo Moitará - Teatro de Máscara
7 - Lúcia Pardo - cena.
8 - Cenas de "Palhaços"com Augusto Madeira e Claudio Mendes e "Um pelo outro "com Vladimir Brichta e Ana Paula Bouzas. Direção André Paes Leme.
9 - Cabaret Pé Sujo - poesia e música
10 - Demétrio Nicolau - texto.
11 - Allan Castelo - cena.
12 - Viviane Mosé - poesia.
13 - Os Dezequilibrados - cena. "18 minutos de obsessão" .Com Cristina Flores . Direção Ivan Sugahara
14 - Felipe Rocha e Miss Guanabara - música.
15 - Teatro do Pequeno Gesto - Medeia - Direção Antonio Guedes com Cybele Jacome.
16 - Tropel - cena.
17 - Um manifesto - cena.

Dia 2 de maio :
Cacilda Becker. 19h às 22 h.


1 - Stúdio Stanilaviski - cena - direção Celina Sodré
2 - As Marias da Graça - circo.
3 - Cia. Teatro Autônomo - direção Jefferson Miranda com Malu Galli.
4 - Helena Vieira - dança.
5 - Bia Grabois - violão e voz
6 -Pedro Rocha - poesia.
7 - Verônica Diaz - poesia.
8 - Cláudia Muller - dança.
9 - Laso Cia de Dança .
10 - Pessoal do Elefante - teatro.
11 - Cláudia Petrina - dança.
12 - Josué Soares - mímica.
13 - Esther Weitzman - dança.
14 - Maria Resende e Rodrigo - poesia /Música

Dia 3 de maio :
Cacilda Becker. 19h às 22 h.


1 - Cia. Trágica - cena
2 - Jonas Sá - música.
3 - Domingos Guimaraens - performance.
4 - Duplex - música eletrônica.
5 -Andréa Maciel - dança.
6 -Chacal - poesia.
7 - Grande Jam - DJ Felipe Rocha e M.C. Gustavo Ciríaco
Andrea Jabor, Dani Lima, Andréa Maciel e convidados.
8 - UM Manifesto - cena final.

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