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22.6.02

Kafka puro -- batalha do ingresso para a aula-espetáculo no Teatro Carlos Gomes

Hoje, assim que acordei às onze e tantas da manhã começa a operação telefonema. E o telefone da bilheteria do Carlos Gomes, 2232-8701 chama, chama e ninguém atende. Tomo o café da manhã, e volto. Nada. Lá pelas tantas depois dos trocentos telefonemas, e o telefone dando sempre ocupado, afinal uma voz avisa que o telefone mudou para 2220-0250. Insisito e não desisto. Depois de outros trocentos telefonemas, e direto aquele barulhinho irritante de
ocupado, e já passando de uma hora da tarde, enfim atendeu um rapaz que informou laconicamente: só a partir das 14hs. tá Senhora? Tá. O que posso fazer? Já estava arrependida de não ter acreditado na informação de ontem, e ter acordado cedo e ido pra lá às 10 hs. da manhã.

Dei um tempo, e fui abrir a mail-box e lá estava um convite da RIOARTE repassado ao Forum de Teatro pelo Mariozinho Telles, dizendo que os ingressos para o Master Class já estavam á venda e o telefone de contato era o fatídico 2232-8701.
Outro e-mail da Super Maria - minha amiga Maria Pompeu, gentilmente, avisando da aula-espetáculo. Ela não lê o meu blog, a danadinha. Se tivesse lido, não perderia o seu precioso tempo, mandando esta informação.

Depois disso volto ao telefone que continuava na mesma -- ocupado. E lá pelas tantas já passavam das 14hs, atende uma voz gravada com a seguinte informação: Este telefone, temporàrtiamente não está recebendo chamadas. Estamos providenciando o reparo. Por favor, tente mais tarde.Caramba. Já conhecia esta informação, é a mesma gravação do sabado passado, quando eu tentava a informação da venda de ingressos na segunda-feira.

Parei a operação telefone e fui me preparar para ir acampar lá em frente à bilheteria até conseguir comprar o meu ingresso. Antes de sair de casa, às 15,30hs. resolvi fazer uma última tentativa. E não é que desta vez atendeu uma voz feminina, ao vivo, e confirmou que estariam á venda hoje até às 18hs. Nem acreditei no que ouví. Nova ligação, desta vez para pegar o nome da bilheteira. Ocupado, ocupado, outra voz feminina confirma as informações. Agradeço e mando a clássica pergunta: Com quem eu falei ? -- Com Nina.

Em menos de meia hora, eu estava estacionando em frente ao Carlos Gomes e antes de eu descer do carro, um simpático senhor de cabelos grisalhos se aproxima e pergunta discretamente : tem algum ingresso sobrando?. Arrisquei perguntar se ele sabia se ainda teria ingressos para a aula-espetáculo, e um para hoje á noite, porque eu queria assistir novamente o espetáculo. Ele nem respondeu, foi se afastando e um outro se aproximou, e começou a me mandar estacionar, e daí veio outro grandalhão nervoso, estaciona ali, estaciona ali na frente do outro. Um clima pesado e estranho.

Enfim, a batalha estava chegando ao seu final. Consegui comprar os ingresssos. E ao me retirar perguntei à bilheteira, se ela era a Nina. Não era. E adivinhem quem estava ali ao vivo na minha frente : Dona Fátima. Relatei a ela os acontecimentos todos, e ela falou simplesmente que isto se devia a pessoas que não eram da bilheteria, não saberem informar. Mencionei o rapaz de ontem, o Leonardo, que foi confirmar com ela e voltou com a informação fornecida por ela mesma. Daí ela disse que ele era o guarda de lá. Portanto, na categoria dos que não sabem informar.

Foi uma conversa muito aflitiva, porque ela falava muito baixo e eu não ouvia direito o que ela respondia, e a todo o momento eu tentava enfiar a cara ou encostar o ouvido naquele buraco redondo da bilheteria para ouvir melhor. Dona Fátima foi educada, mas as suas explicações foram muito evasivas. Desistí de entender. Mesmo porque já tinham três pessoas atrás de mim, e um rapaz aflitíssimo, querendo ingresso pra hoje. Agradecí e saí portando o precioso troféu: os dois ingressos para amanhã às 11hs. na Master Class do Sotigui Kouyaté.

150 reais, o preço do ingresso para assistir o último dia do Hamlet de Peter
Brook


Eu disse cento e cincoenta reais, o preço que está sendo cobrado pelos cambistas, hoje. E eles estão com pouquíssimos ingressos á venda, por isso estão a postos lá na frente do Carlos Gomes desde cedo. Bem que eu estranhei a pergunta daquele senhor. O normal seria ele oferecer o ingresso e não o contrário. Que os deuses do teatro tenham compaixão dos pobres mortais que não conseguiram comprar o seu ingresso ao prêço normal de 15 reais.

2 comentários:

Anônimo disse...

Incrível como mesmo após 5 anos essa informação acerca do Carlos Gomes permanece atual.
Ainda hoje passei um perregue horroroso tentando ligar para a bilheteria e mesmo indo lá, não consegui comprar ingresso antecipado para a peça Império.
Um horror.

Ruth Mezeck disse...

Verdade. Essa batalha toda não foi exceção por ser um espetáculo do Peter Brook.