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27.3.03

Novas diretrizes em tempos de Paz

Estou em estado de graça, de afetos e perceptos, de bençãos dos deuses do teatro, fui assistir hoje (quarta-feira) a premiada peça do Bosco Brasil com o Toni Ramos e o Dan Stulbach Novas diretrizes..., no luxuoso auditorio da EMERJ - Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro -- em uma apresentação especial, abrindo as atividades culturais dessa instituição. Ao final do espétáculo, um raro presente: debate com o autor, os atores e a diretora do espetáculo.

Novas diretrizes em tempos de Paz é o encontro de um funcionário do serviço de imigração e um polonês em busca do seu visto de permanência no Brasil ao fim da Segunda Guerra. O que acontece a seguir é um delicado diálogo entre dois seres humanos solitários que necessitam da Arte para o resgate da sua humanidade. Fiquei chapada com o espetáculo, e há muito não me comovia tanto. A abordagem comovente do teatro como resgate da emoção e do afeto, do teatro que nos faz lembrar que somos seres humanos. A peça é uma celebração à vida, à arte e ao teatro.

Meu avô paterno era imigrante polonês chegado aqui na Segunda Guerra, e pela primeira vez na minha vida, fiquei imaginando o que ele deveria ter passado para conseguir o seu visto de permanência. E eu via o meu avô (eu aprendí a falar polonês com o meu avô, desde as minhas primeiras palavras) até no sotaque encarnado no personagem do Clausevitz, o imigrante polonês interpretado brilhantemente pelo ator Dan Strulbach. As inseguranças, o medo do personagem poderiam ter sido as mesmas do meu avô ao enfrentar situação semelhante a do personagem.

Voltarei ao assunto da peça para falar da minha reconciliação com o "teatrão", a partir desse espetáculo.

Um agradecimento muito especial à minha querida amiga blogueira, Cora Rónai, a primeira pessoa que me deu o toque sobre esse espetáculo, quando comentou lá no InternETC a respeito.

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